AMOR MADURO

Vi algo em um programa de TV sobre pessoas da 3ª idade que não mais se envergonham de contar que fazem sexo.

É bonito isso, pois não sei quem inventou que sexo é feio e sujo. Talvez em Pompéia fosse, e talvez por isso o Vesúvio cuidou daquele povo sem regras.

Mas não falo desse tipo de sexo.

Falo de amar e do sexo como uma das formas de expressar esse amor todo que corre nas veias, que dá choque na pele, que nos deixa com o olhar de boba, que faz o coração acelerar quando a gente vê o amado vindo de longe, com aquele passo cadenciado que conhecemos tanto. É, conhecemos tanto sim, pois não falo do amor que veio de passagem, não falo da paixão infinita enquanto dure, não falo de amar por amar para ter mais um. Falo do amor maduro, da longa estrada percorrida por dois amantes que o tempo não corroeu. Falo do companheirismo que sobreviveu aos altos e baixos de anos de convívio. Falo da paixão de acordar, olhar nos olhos do antigo parceiro e ainda sentir o corpo se dissolver em lavas de desejo.

Olho para o meu amor e vejo que ele carrega uma asa e eu a outra, e sei também que quando fazemos sexo ele está dentro de mim e vejo nos seus olhos que estou dentro dele. Um olha e fala: "vem" o outro responde com o olhar: "vou" - e depois disso, tudo explode em cores.

Sei que essa estrada é penosa, pois é fácil amar o que te atrai no parceiro, difícil é entender seus defeitos e aceitar suas limitações, e para que isso possa acontecer precisamos olhar para nós mesmos, aceitar que temos limitações e defeitos e pensar com simplicidade: "Se ele me ama assim com meus defeitos, eu posso amá-lo com os dele".

E se me perguntarem como se consegue manter a paixão e o tesão vivos por mais de duas décadas, eu posso responder: AMANDO.


Melanie
15/12/2004