domingo, 21 de abril de 2013

O GOZO DAS FEITICEIRAS

Marcia Frazão


Às vezes percebemos o enorme vazio em que se transformou a nossa vida e, como loucas, saímos à cata de algum guru ou de alguma ideologia. Não conseguimos as respostas para aquilo que procuramos, pois mais uma vez transformamos a busca em uma tarefa a mais deste louco quartel. Não compreendemos que as respostas estão dentro de nossos corações e nos recusamos a ouvi-las ...
Lembro que, quando esboçava meus primeiros passos na feitiçaria, quando ainda não conseguia ouvir plenamente a minha voz interna, um dia, numa daquelas reuniões que minha avó estabelecia com suas amigas, recebi o seguinte conselho de Benedita, uma bruxa muito séria, que quase nunca falava comigo...
O conselho se resumia a uma série de atitudes que deveria tomar todos os dias. Passo agora para vocês o que me foi ensinado, esperando que lhes ajude da mesma forma que me ajudou:

1- Ao acordar, antes de fazer qualquer coisa, dirija-se à janela e olhe o dia. Perceba o tempo que faz e observe somente o céu.

2- Ao tomar o café da manhã, procure sentir ao máximo o sabor do alimento e converse com os outros à mesa sobre o que está sentindo.

3- Ao sair de casa, observe atentamente o caminho, parando se alguma coisa lhe chamar atenção.

4- Cumprimente gentilmente as pessoas que encontrar, mesmo as que você não conhece.

5- Ao encontrar algum amigo, converse com ele sobre as coisas que vivenciou até encontrá-lo e lhe diga o quanto está feliz por vê-lo.

6- Dê atenção a cada animal que encontrar, desde o mais ínfimo caramujo até o mais soberbo cachorro.

7- Ao entardecer, pare tudo que estiver fazendo e observe o dia indo embora. Perceba as cores, os cheiros, os sons, o semblante das pessoas e o comportamento da Natureza.

8- Ao jantar, fale de seu dia com aqueles que desfrutam com você o alimento, e agradeça pela comida que agora come.

9- Antes de dormir, converse com a noite e peça-lhe que lhe mostre em sonho aquilo que você necessita ver. Agradeça aos deuses por mais um dia e durma com uma flor debaixo do travesseiro.

Realizando esses pequenos rituais, pelo menos três vezes por semana, com certeza você verá que sua vida tornar-se-á incrivelmente mais livre, e, sua sensibilidade muito mais desenvolvida.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

FELICIANO TE REPRESENTA

Artigo escrito por Pedro Markun
Diretor do Jornal de Debates e um dos idealizadores do Transparência Hacker, entidade de cyberativismo que agrega mais de 800 voluntários e propõe a utilização de plataformas virtuais para promover uma maior interação da sociedade nos processos democráticos.

Tenho acompanhado as várias manifestações nas redes sociais, os memes e fotos de pessoas segurando cartazes com a frase "Feliciano não me representa", em protesto contra o fato do deputado ter assumido a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. A revolta de termos um deputado racista e homofóbico como presidente de uma comissão que deveria tratar dos direitos humanos e das minorias é bastante compreensível, compartilho desse sentimento e também acho que a situação está nos limites do absurdo.

A crítica, os movimentos na internet, as marchas e as mobilizações populares, no entanto, deixam escapar por entre os dedos a questão-chave nessa e em outras histórias correntes na Câmara dos Deputados. Principalmente, porque Marcos Feliciano foi transformado inimigo público número um, e um fenômeno midiático, com sua eleição sendo abordada como caso isolado, um ponto fora da curva no processo político representativo – o que não é necessariamente verdade. Não é por infeliz exceção que temos, além de Feliciano, um ruralista como presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA). A organização do Poder Legislativo como se dá hoje é falha, concentra poder e não dá espaço para a participação e a vontade popular. E esse processo, de fato, não nos representa. Mas Feliciano não se tornou presidente da comissão por passe de mágica ou desígnio divino. Tão pouco porque assim escolheram os brasileiros. Ele foi eleito por seus pares que compõem a CDHM.

Infelizmente, não podemos saber quem votou e elegeu o deputado, pois o Regimento Interno (que regulamenta o funcionamento da Câmara Federal) diz que a votação é secreta. A falta de transparência desse tipo de manobra política é uma das falhas do processo. A vaga que Feliciano ocupa na CDHM foi cedida ao PSC pelo PSDB. Essa distribuição de vagas também é regulamentada pelo Regimento Interno e o documento diz que é atribuição do líder da bancada fazer esses escambos. Mas, o que é pior, apesar de oficialmente ser um processo de eleição – ainda que com voto secreto – a prática corrente na Câmara dos Deputados é que todos esses cargos e vagas são decididos previamente nos bastidores, em acordos entre as lideranças – que não geram e não permitem nenhum escrutínio público. Foi em um acordo desses que o PSC negociou que Feliciano seria o novo presidente da Comissão. E para isso trocou favores, votos e apoio político em outras questões.

Faz sentido que nenhum de nós se sinta representado por Feliciano. O nosso sistema político pouco nos representa e abre pouco espaço para que o cidadão possa interferir e participar, além de um voto (obrigatório) a cada quatro anos. Além disso, o sistema eleitoral proporcional quase sempre garante que você vai acabar elegendo gato por lebre. Se quisermos transformar a política e os políticos, e nos sentirmos representados, precisamos entender o processo, suas restrições e suas possibilidades. Feliciano eventualmente sairá da Presidência da comissão, uma grande vitória da sociedade e da pressão das redes! Mas ele poderá ser trocado por outro deputado do PSC, permanecer como membro da Comissão e até ser relator de uma série de projetos de lei. Provavelmente, todos nós passaremos para a próxima revolução nas redes, e deixaremos nossos parlamentares continuarem a decidir e comandar a política em acordos e negociações internas – ou seja, deixaremos que eles simplesmente nos representem. Para que Feliciano não nos represente, precisamos mais do que simplesmente tirá-lo de lá: precisamos entender e rever nossos processos políticos.
Fonte: Revista Brasileiros


NOTA DA LUA NUA: Enquanto o povo brasileiro não entender isso, Felicianos, Calheiros, Dilmas, Lulas e etc... nos representarão sempre!

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