terça-feira, 20 de dezembro de 2005

O PERU PREGADOR



Por Francisco Cândido Xavier & Neio Lúcio; Alvorada Cristã.


Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperando-lhe também as divinas promessas. Tão versado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves.

De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem "glá-glé-gli-gló-glú". Não era, naturalmente, compreendido pelos homens. Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente.

Começava o comentário das lições do Evangelho e o terreiro enchia-se logo. Até os pintinhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo. O peru, muito confiante, assegurava que Jesus-Cristo era o Salvador do Mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina, colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na terra. Dizia que todos os seres, para viverem tranqüilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los.

As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegado o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, lançaram frangos, patinhos e perus, matando-os, ali mesmo, ante o assombro geral.

Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo, distribuíram pancadas e golpes à vontade.

Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta.

Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração.

As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas.

Como louvar um Senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de seu natalício? Como explicar tantas maldades por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança? Não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo? Não se afirmavam discípulos dEle? Precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor?

O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte. Achava-se igualmente cansado e oprimido. Na manhã imediata, ante o sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar; que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete. Explicou, por fim, que os homens degoladores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores". Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mesmo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo.

Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à delas.

OBS: Texto achado no site saindo da matrix e trazido para cá apenas para uma boa reflexão tão propícia para a época.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

NATALÍCIA


Foi um ano difícil este que estava acabando.

Nata ficou desempregada em abril e agora que dezembro já passava do meio e suas economias no fim; ela não sabia mais aonde ir e nem o que fazer para sobreviver.

Tomou banho, pegou sua melhor roupa e decidiu dar uma volta pelo shopping. Quem sabe desta vez tivesse mais sorte. Foi passeando, pois era perto e afinal a intenção era de ao menos se distrair com a profusão de vermelho nas vitrines.

Sentou num banco e um menino moreno se aproximou entregando um papel, ela riu, achou na bolsa uma bala e deu a ele. O menino riu e respondeu:
- Espero que você tenha um Feliz Natal, o meu não deve ser dos melhores, estou trabalhando porque minha mãe está de cama. Nata deu um beijo no menino e respondeu:
- Teremos sim um Natal bem feliz, pois traremos sorte um ao outro.

E o menino saiu rindo, um pouco mais feliz e foi continuar seu trabalho entregando papéis.

Nata viu que era um anúncio de emprego temporário e a inscrição era em uma loja ali mesmo no shopping. Levantou mais animada e foi até a loja. Sua animação não durou muito, era um sexy shop e este não era muito seu perfil, mas decidiu saber o que se tratava. Tomou coragem e entrou na loja. Foi atendida por uma jovem senhora muito educada que a convidou a entrar numa salinha reservada para que conversassem sem interrupções. E ela explicou:
- Vai acontecer uma grande festa, mas como é na noite do dia 24 eu não consigo uma moça para fazer o serviço.
- Algo relacionado à prostituição? Nata perguntou.
- Não, a não ser que você queira. O serviço consiste em estar vestida de mamãe Noel, roupas mínimas e um pouco transparente, o corpo salpicado de gliter. Exatamente a meia noite entra na sala uma imensa caixa de presentes com a moça e os presentes que serão entregues por ela. O grupo da festa consiste em investidores da bolsa de valores e alguns grandes empresários. Todos sem família, por isso resolveram fazer esta festa em grupo. Lógico que estou agendando algumas meninas de programa também, mas eles pediram que a moça da caixa não fosse prostituta. Foram as ordens que recebi quando me contrataram para organizar esta festa e é lógico que preciso de uma moça educada, de classe, pois são todos homens importantes e de muitas posses. Depois da entrega dos presentes, se você quiser, pode continuar na festa e curtir até o final.

Nata achou que o serviço não seria tão ruim assim, afinal de contas não ia ter como, ou com quem passar o Natal e a parte boa é que poderia curtir a festa depois da meia noite, mas a parte melhor era o que iria receber em pagamento pelo serviço, era o que recebia por um mês de trabalho no seu último emprego. Saiu feliz da loja e lembrou do menino, mas não o achou pelo shopping. Num impulso voltou à loja e perguntou para a senhora que a tinha atendido se tinha o endereço, ou telefone do menino que estava entregando o folder para ela.
- Que menino? Que folder? Não pedi para entregar nenhum folder, tenho apenas este cartaz na loja, não foi por ele que você chegou aqui?

Nata procurou na sua bolsa, mas não achou mais o papel que o menino tinha lhe dado. Pediu desculpas e saiu da loja, confirmando sua ida à festa no dia 24.

Chega o dia e Nata está bem nervosa. Foi treinada para o serviço, experimentou a roupa, que nem era tão mínima assim, marcaram cabeleireiro, manicure e maquiagem, num salão vip e isto consumiu sua tarde toda. Agora se olhava no espelho com o vestido longo vermelho, sapatos e meias que foram enviados e se achava bem diferente do seu dia a dia. Não era feia, mas seus cabelos longos, louros naturais e ligeiramente encaracolados nunca tinham sido tão bem tratados. Brilhavam, assim como seus olhos. Estava impressionada com a organização de tudo. Salão, roupas e um táxi na sua porta a esperando, até a cor do esmalte foi escolhida por eles.

Quando chega ao local, uma mansão amarela clara em cima de uma colina e toda iluminada, repara que no estacionamento existe uma profusão de BMW, Ferrari e outros carros que ela nem conhecia, mas todos muito bonitos. Quando entra na sala que reservaram para ela e mais parecendo um camarim, vê no canto uma mesa com uma toalha branca, um vaso com belíssimas rosas vermelhas, uma cesta de frutas e dentro de um balde com gelo uma champanhe. Antes que faça algo, entra um garçom, lhe dá boa noite e abre a champanha, servindo um pouco numa taça e entregando a ela.
- Com os cumprimentos de todos, senhora. Precisando de qualquer coisa pode me chamar estarei aqui fora no corredor. Boa festa.

Nas rosas tinha um cartão escrito: "Feliz aniversário, beijos", mas sem assinatura. Nata sabia que não tinha falado com ninguém que no dia seguinte seria seu aniversário. Aliás, detestava ter nascido no dia 25 de dezembro, foi por isso que inventaram aquele nome bobo para ela.

Músicas deliciosamente relaxantes começaram a tocar, entremeadas com algumas antigas de Natal. Nata começou a se trocar com calma, tinha tempo de sobra.

Faltando cinco minutos para meia noite o mesmo garçom bate à porta e pergunta:
- A senhora está pronta? Chegou sua hora e a acompanha até onde estava a caixa, mas quando Nata entra na caixa apenas uma caixa de presentes lhe é entregue. Ela pergunta onde estão os outros presentes que deveria entregar, mas o garçom fala que só recebeu ordens para entregar-lhe aquela pequena caixa. E a caixa dourada com Nata dentro segue para a sala.

Quando a caixa se abre e Nata se levanta com o pequeno embrulho nas mãos vê um salão imenso, todo iluminado à luz de velas e decorado com rosas vermelhas. Uns vinte ou trinta casais, os homens de preto e as mulheres vestidas em tons de vermelho, e na sua frente um rapaz uns cinco anos mais velho que ela que lhe estende a mão ajudando-a a sair da caixa. Nessa hora a música pára e todos cantam "parabéns pra você" e ela entrega a caixa para o rapaz que a abre e tira um anel com um solitário de brilhante. Ele pega sua mão e coloca o anel e antes que Nata consiga falar algo ele a puxa para dançarem Danúbio Azul que começa.

O rapaz dança em silêncio e só na segunda música que começa a contar para ela o motivo da festa.
- Os casais são todos meus amigos, e resolveram me fazer uma surpresa pelo meu aniversário. Eles não se conformam que sempre saímos, eles sempre em casal e eu sozinho. Trabalho muito e não tenho tempo para paqueras, então resolveram me presentear com você, mas isso não quer dizer que você seja obrigada a nada que não queira comigo. Seu trabalho terminou quando você saiu da caixa, agora é apenas curtir a noite.

Nata fala que não está se sentindo bem com aquela roupa para continuar no salão, se ele faz alguma objeção que ela se troque.
- Lógico que não! Quer que te acompanhe até sua sala?
- Sim. Mesmo porque nem sei onde fica afinal me trouxeram até aqui dentro de uma caixa.

Ele a leva até o camarim e quando entram o garçom está servindo champanhe em duas taças. Entrega a eles e se retira.

Brindam e o rapaz faz menção de sair para que ela se troque, mas Nata olha para o biombo e pede que ele a espere na poltrona enquanto se troca atrás do biombo. Quando sai de trás deste ele está em pé com uma das rosas do buquê nas mãos e fala:
- Sei que parece loucura, nem nos conhecemos, mas espero que nós dois tenhamos uma noite especial.

Nata pega a flor e agindo instintivamente chega seu lábio perto do dele.

Carlos prende a rosa nos cabelos de Nata e saem para dançar.

A noite é realmente especial e se sentindo cansada de tanto dançarem pede para dar uma volta pelo jardim. Sentam-se num banco e Carlos fala de sua vida. Ficou órfão muito jovem, mas o curador dos muitos bens que seu pai deixou foi também seu tutor. Um homem correto e rígido na sua forma de educar os filhos e ele foi educado pelo tutor. Começou a trabalhar em uma das empresas do seu pai com 16 anos, como boy. Seu tutor falava que se ele não conhecesse toda a empresa, jamais conseguiria administrar esta e as outras que seu pai tanto trabalhou para deixar para ele. Hoje ele agradece a educação rígida que teve, mas sabe que isso o deixou com poucas possibilidades de ter uma mulher como ele sonhava. Que não fosse do meio dele, pois achava as meninas muito vazias, querendo saber apenas de festas e pediu para que Nata contasse sua vida.

- Nasci no interior e vim para a capital estudar. Sempre quis cursar música e trabalhei sempre para conseguir pagar meus estudos. Quando passei para a universidade federal comecei a achar que finalmente minha vida iria melhorar, mas trabalhar nessa área é muito difícil. Trabalhei até o começo deste ano, quando o grupo se dissolveu e sobrevivi com o que conseguia guardar do meu salário.

Nata tira o anel do dedo e fala a Carlos que não pode aceitar um presente tão caro já que mal se conhecem. Ele pega o anel e recoloca no dedo dela.

- Aceite, por favor. Apesar de ser precipitado, quero conhecer você melhor e espero que você também queira me conhecer. Sei onde te encontrar.

A festa está no final e Nata pega o táxi de volta para casa, mas o motorista toma outro caminho. Nata pergunta o porquê disso e o rapaz entrega um grande embrulho e responde que eles têm ainda algo a fazer, têm mais um presente a entregar naquela noite.

Já está amanhecendo quando Nata chega a uma casa simples. Sentado na porta um menino moreno que quando a vê abre um sorriso.

- Oi moça! Como me achou?
- Não sei, e como você me achou?
- Um moço pediu para eu entregar à senhora aquele papel e que jogasse os outros no lixo, que se eu fizesse isso hoje cedinho eu iria receber um presentão.

Nisso Nata lembra do embrulho, volta ao carro e entrega ao menino o pacote contendo um ferrorama, um cheque e um cartão onde estava escrito:
"Antonio use o cheque da melhor forma, para você e para cuidar de sua mãe, um grande beijo do seu amigo Carlos".

A partir desse Natal mágico os três nunca mais se separaram.

Melanie
18/12/2005

domingo, 11 de dezembro de 2005

THE MOUNTAINS O'MOURNE


Don Mclean

Oh, mary, this london's a wonderful sight with people here
Working by day and by night.
They don't sow potatoes nor barley nor wheat but there's gangs
Of them diggin' for gold in the street.
At least when i asked them that's what i was told so i just took
A hand at this diggin' for gold,
But for all that i found there i might as well be where the
Mountains o'mourne sweep down to the sea.

I believe that when writing a wish you expressed as to how the
Fine ladies in london were dressed,
Well, if you'll believe me when asked to a ball, they don't wear
No top to their dresses at all.
Oh, i've seen them meself and you could not in truth say that if
They were bound for a ball or a bath,
Don't be startin' them fashions, now, mary mccree, where the
Mountains o'mourne sweep down to the sea.

There's beautiful girls here, oh, never you mind, with beautiful
Shapes nature never designed,
And lovely complexions, all roses and cream but let me remark
With regard to the same
That if at those roses you venture to sip, the colors might all
Come away on your lip,
So, i'll wait for the wild rose that's waitin' for me in the
Place where the dark mourne sweeps down to the sea

(alguém me deve essa tradução...)

terça-feira, 10 de maio de 2005

FIM DE UM BLOG

acabou o tempo
acabou o saco
acabou...

quarta-feira, 4 de maio de 2005

PERGUNTAS A LAURA SCHLESSINGER

Foto de Levítico achada aqui

Laura Schlessinger é uma conhecida locutora de rádio nos Estados Unidos. Ela tem um desses programas interativos que dá respostas e conselhos aos ouvintes que a chamam ao telefone.

Recentemente, perguntada sobre a homossexualidade, a locutora disse que se trata de uma abominação, pois assim a Bíblia o afirma no livro de Levítico 18:22.

Um ouvinte escreveu-lhe, então, uma carta que vou transcrever:



Querida Dra. Laura:

Muito obrigado por se esforçar tanto para educar as pessoas segundo a Lei de Deus. Eu mesmo tenho aprendido muito no seu programa de rádio e desejo compartilhar meus conhecimentos com o maior número de pessoas possível. Por exemplo, quando alguém se põe a defender o estilo homossexual de vida eu me limito a lembrar-lhe que o livro de Levítico, no capítulo 18, verso 22, estabelece claramente que a homossexualidade é uma abominação. E ponto final. Mas, de qualquer forma, necessito de alguns conselhos adicionais de sua parte a respeito de outras leis bíblicas concretamente e sobre a forma de cumpri-las:

1) Gostaria de vender minha filha como serva, tal como o indica o livro de Êxodo, 21:7. Nos tempos em que vivemos, na sua opinião, qual seria o preço adequado?

2) O livro de Levítico 25:44 estabelece que posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, desde que sejam adquiridos de países vizinhos. Um amigo meu afirma que isso só se aplica aos mexicanos, mas não aos canadenses. Será que a senhora poderia esclarecer esse ponto? Por que não posso possuir escravos canadenses?

3) Sei que não estou autorizado a ter qualquer contato com mulher alguma no seu período de impureza menstrual (Lev. 18:19, 20:18 etc.). O problema que se coloca é o seguinte: como posso saber se as mulheres estão menstruadas ou não? Tenho tentado perguntar-lhes, mas muitas mulheres são tímidas e outras se sentem ofendidas.

4) Tenho um vizinho que insiste em trabalhar no sábado. O livro de Êxodo 35:2 claramente estabelece que quem trabalha nos sábados deve receber a pena de morte. Isso quer dizer que eu, pessoalmente, sou obrigado a matá-lo? Será que a senhora poderia, de alguma maneira, aliviar-me dessa obrigação aborrecida?

5) No livro de Levítico 21:18-21 está estabelecido que uma pessoa não pode se aproximar do altar de Deus se tiver algum defeito na vista. Preciso confessar que eu preciso de óculos para ver. Minha acuidade visual tem de ser 100% para que eu me aproxime do altar de Deus? Será que se pode abrandar um pouco essa exigência?

6) A maioria dos meus amigos homens tem o cabelo bem cortado, muito embora isto esteja claramente proibido em Levítico 19:27. Como é que eles devem morrer?

7) Eu sei, graças a Levítico 11:6-8, que quem tocar a pele de um porco morto fica impuro. Acontece que eu jogo futebol americano, cujas bolas são feitas com pele de porco. Será que me será permitido continuar a jogar futebol americano se eu usar luvas?

8) Meu tio tem uma granja. Ele deixa de cumprir o que diz Levítico 19:19, pois planta dois tipos diferentes de sementes no mesmo campo, e também deixa de cumprir a sua mulher, que usa roupas de dois tecidos diferentes, a saber, algodão e poliéster. Além disso, ele passa o dia proferindo blasfêmias e se maldizendo. Será que é necessário levar a cabo o complicado procedimento de reunir todas as pessoas da vila para apedrejá-lo? Não poderíamos adotar um procedimento mais simples, qual seja o de queimá-lo numa reunião privada, como se faz com um homem que dorme com a sua sogra, ou uma mulher que dorme com o seu sogro (Levítico 20:14)?

Sei que a senhora estudou estes assuntos com grande profundidade de forma que confio plenamente na sua ajuda. Obrigado novamente por recordar-nos que a Palavra de Deus é eterna e imutável.

Recebi por e-mail do Ivo... Boazinha :=)

APAE



Minha amiga Bugra - ou Laura Helena - é uma das pessoas mais corretas que eu conheço. Ela é presidente da APAE de Lagoa Vermelha/RS.

Hoje nem pudemos conversar porque ela estava em reunião. Quando li o blog da APAE de Lagoa Vermelha/RS eu não acreditei - http://www.aaldeiadosanjos.blogger.com.br/ - mas é verdade.

Na política brasileira nada mais me choca, sei que é nojenta, mas a APAE me toca.

Para quem não sabe (por um ano) fui presidente da APAE de Rio Verde de Mato Grosso no Mato Grosso do Sul e só saí porque tive que cuidar da minha mãe que estava com câncer, mas foi uma das melhores experiências da minha vida.

Você que está me lendo pode achar que 10 reais não faz diferença, mas faz sim, pode doar porque eles ainda estão trabalhando em regime de emergência. OBRIGADA a você que se dispôs a doar, mesmo que tenha sido R$ 1,00.


COMO AJUDAR:

APAE Lagoa Vermelha

Banco do Brasil
Agência 0363-8
Conta 8.000-4

Para DOC's o CNPJ: 90.837.717/OOO1-85



Como falaria minha "irmã" Bugra se estivesse escrevendo este texto agora: "Um beijo na palma das suas mãos".

sábado, 30 de abril de 2005

MAIS FELIZ DO QUE PINTO NO LIXO

Hoje eu tô mais feliz do que pinto no lixo...

E tudo começou assim de brincadeira

Fiz um desenho de uma caneca para mim...


E ele falou que queria uma também, e eu fiz...


Aí fomos ficando amigos.
Comecei a escrever um livro e "roubei" textos dele.
Conversamos pelo MSN, com e sem cam.

Ano passado as famílias se conheceram e vimos que era amor pra mais de metro.


Hoje sei que éramos família mesmo, apenas demoramos a nos reencontrar.

Hoje François Porpetta está vivo novamente, tem um micro funcionando novamente e isso vale a vida.

Beijos grandes Schico, Line Mel e Edu

terça-feira, 26 de abril de 2005

ORAÇÃO AO ENVELHECER


Foto achada num fórum de conversa aqui

Senhor, dê-me sabedoria
De envelhecer com dignidade
E juízo,
Pois avoada como sou,
Nem sei mesmo ao que eu vou.
Como posso,
se nem sei de onde vim?/*

Prometo responder ao "como vai"
Apenas com "tudo bem",
Sem desfiar um rosário de achaques,
Que fazem dos idosos muito francos
E sempre pensam que esse "como vai"
É realmente "como vai"... /*

Declaro aqui também nesta prece,
Que mais com uma conversa se parece,
Que ando treinando muito
Minha memória,
Fazendo infindas palavras cruzadas
Para que de repente, não me veja só, em qualquer estrada,
Sem saber por onde andava.

Leio a não mais poder,
Para exercitar meus neurônios...

Imagine só, se como dizem temos só o Tico e o Teco,
Ao envelhecer
Nem estes hão de permanecer.

É preciso ajudar a natureza a
Se manter informada, antenada,
e quem sabe até nas baladas...
Juro que sei que permanecerei alegre e jovial,
Porque minha alma não é mortal
E só envelhece o corpo material.

Hei de gostar de esmalte e batom até o fim
E nem quero saber o que irão pensar de mim.

Cuidar de netos, não posso...
Serei extremamente ocupada .

E o cinema de madrugada?
E as conversas com o povo da Net ?

Quem teve filho
Que seja responsável,
Mas coruja como sou,
Vez ou outra me entrego
E me dou aos netos.

Minha maquiagem definitiva
Me acompanhará toda vida.

Tô malhando
Agora pra ficar mais enxuta.
Depois, tempos mais adiante,
Pra conseguir andar sozinha
Sem ninguém querendo segurar mão minha.

Nado, Ando, Danço
Só dardo não arremesso,
Também pra que diabo?

Não quero acertar ninguém
Só quero todos no lugar em que meu coração
guarda quem quero bem...

Ah... faça de mim, Senhor
Uma velhinha porreta
Que canta, dança
E não cansa.

E quando me chamares prá ti,
Te prepara, Senhor
Não sou nada disciplinada .

Vou botar fogo, aí na meninada
Já em idade adiantada...

Arranja muitos anjos
Pra ficarem de olho em mim,
Depois não me diga que não avisei.

Vou levar para o céu
A alegria da vida que sonhei!!

(desconheço o autor do texto, pois recebi por e-mail do Ivo Anjo)

ESSAS OUTRAS CRIANÇAS


Foto achada aqui

Quando abraças teu filho, no conforto doméstico, fita essas outras crianças que jornadeiam sem lar.

Dispões de alimento abundante para que teu filho se mantenha em linha de robustez.

Essas outras crianças, porém, caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que lhes atira, com displicência, findo o repasto.

Escolhes a roupa nobre e limpa de que teu filho se vestirá, conforme a estação.

Todavia, essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos.

Defendes teu filho contra a intempérie, sob o teto acolhedor, sustentando-o à feição de jóia no escrínio.

Contudo, essas outras crianças cochilam estremunhadas na via pública quando não se distendem no espaço asfixiante do esgoto.

Abres ao olhar deslumbrado de teu filho, os tesouros da escola.

E essas outras crianças suspiram debalde pela luz do alfabeto, acabando, muitas vezes, encerradas no cubículo das prisões, à face da ignorância que lhes cega a existência.

Conduzes teu filho a exame de pediatras distintos sempre que entremostre leve dor de cabeça.

Entretanto, essas outras crianças minadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de pedra, sem que mão amiga as socorra.

Ofereces aos sentidos de teu filho, a festa permanente das sugestões felizes, através da educação incessante.

No entanto, essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sintonizados no lodo abismal das trevas.

Afaga, assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação, onde essas outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as quanto possa!

Quem serve no amor de Cristo, sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas.

Proclamas a cada passo que esperas confiante o esplendor do futuro mas, enquanto essas outras crianças chorarem desamparadas clamaremos em vão pelo mundo melhor.


EMMANUEL, pelo médium Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 21 de abril de 2005

TIRADENTES - ÚLTIMAS HORAS


Foto achada aqui

Em bazófias próprias de mentes perversas, diziam os soldados na rua que o Tiradentes deveria ser morto de forma mais meritória, atado a um cavalo e marretassem-lhe peito, pernas e pés, para que tivesse uma agonia lenta e dolorosa. Se algum passante se atrevia a repostar1, ia logo curtir a cadeia. Os lusos atrevidos tinham ainda medo daquele homem acabado fisicamente, o alferes Xavier!

No oratório da cadeia, panos pretos e cruz pendente do altar, só estavam naquele dia 20 de abril de 1792 o Tiradentes, uns guardas, e dois frades, que o tentavam consolar. A um dado momento, pensando na sua vida de sacrifício e luta, embora contente por só ele ser o condenado à pena máxima, ainda repostou ao padre, com mágoa e ironia simples:

- A corda sempre rebenta pelo lado mais fraco!

Como se enganava o alferes. Nenhum de nós poderia ser mais forte do que ele naquele instante!

De madrugada, às quatro horas, após uma noite sem dormir, em pensamentos cheios de oração e dor, chegou-se ao alferes o barbeiro. Vinha cumprir o de praxe: raspou-lhe os cabelos e a barba. Em seguida, um meirinho tirou-lhe as roupas e fê-lo vestir a serapilheira2 branca, a alva dos condenados, cujas mangas eram cosidas nas extremidades, com cordas que se amarravam em nó. Foi ouvido, então, em confissão, por Frei Raimundo Penaforte, que lhe fez uma missa e ministrou-lhe a extrema-unção.

A Tiradentes nada daquilo parecia real. Talvez que Deus o condenasse, porque os homens haviam atingido tal fim, porque ele se houvera como voluntário para cortar a cabeça ao governador! - pensava cansado. No entanto, sabia que a morte não era o fim de tudo! Lembrava-se da lenda maçônica segundo a qual o herói vira estrela no céu! Sorria tristemente. Repostava ao frade por monossílabos!

Já raiava o dia 21 de abril de 1792, um sábado de sol esplêndido, sendo Portugal regido por D. Maria I, o vice-rei Dom Luís de Castro, conde de Resende. Logo mais seria executada a sentença. Assistiriam a execução os mesmos ?marotos?, palavra ofensiva que os lusos detestavam, e que havia custado ao Victoriano Veloso os açoites ao redor da forca e a caminho da cadeia, o Silvério, o Parada e Souza, o Manitti, o Basílio Brito Malheiros. Dos traidores só o Pamplona não foi contemplado pelos ?serviços? prestados à sua Real Soberana!

Vários corpos de Infantaria, um de Artilharia e um Esquadrão de Cavalaria da Guarda dos vice-reis, com duas companhias, se apressavam para guarnecer as ruas e a execução. A serviço da segurança do vice-rei e sua magistratura três batalhões de granadeiros...

Pela manhã, logo cedo estavam todos com seus fardamentos de gala, os cavalos com fitas cor-de-rosa nas crinas e mais nas espingardas e baionetas dos soldados. Os arreios de prata dos maiorais haviam sido polidos e brilhavam ao sol. As ruas do Piolho, da Cadeia, da Barreira de Santo Antônio e do largo de Lampadosa, onde fora erguida a forca descomunal, cujas traves se encontram no Museu da Inconfidência, foram visitadas por soldados. Deveriam guarnecer as janelas de colchas adamascadas, festões, rendas, para enfeitar aquela demonstração de força. Para espanto dos promotores da execução o povo acorreu às ruas. Ia a dar espórtulas aos padres que a pediam, segundo o costume, para as missas ao condenado. Era uma última homenagem, covarde embora, daqueles por quem o Tiradentes se propusera a lutar! O coronel José da Silva Santos, comandante do Regimento da Artilharia do Rio de janeiro, teria que guarnecer a forca, junto com os regimentos de Bragança e Moura, primeiro e segundo batalhão dos granadeiros, sob o comando do coronel José Vitorino Coimbra. Ironia cruel! Estes homens eram companheiros nossos, e inspirados pelo Plano Espiritual, sob o cego olhar das autoridades presentes guarneceram a forca, formando-se num gigantesco e humano triângulo, o mesmo símbolo da bandeira Inconfidente!

Às nove horas da manhã abriu-se o portão da cadeia, e com os padres da Irmandade da Misericórdia, que iam a rezar a prece de S. Atanásio, apareceu diante dos primeiros assistentes Tiradentes, vestindo a alva, com as mãos amarradas por grossas cordas. Dirigiu-se a ele o Galé3 Jerônimo Capitania, escolhido para a execução da sentença! Pediu ao Tiradentes que o perdoasse pelo que ia fazer, que a isto era obrigado.

Era costume fazê-lo, como a se aliviar do que tinha que cumprir.

Tiradentes ajoelhou-se diante do negro e beijou-lhe as mãos, repostando:

- Assim também o Meu Senhor morreu por meus pecados!

Jerônimo jamais esqueceria enquanto vivesse aquele condenado, que o haveria de ajudar, desde então. Curvada a cabeça do alferes, passou-lhe o baraço4 ao pescoço, seguindo à frente a puxá-lo. Nas mãos, os padres lhe puseram um crucifixo de dois palmos, o qual Tiradentes passou a olhar, para não mais pensar em ninguém e pedindo ao Cristo o ajudasse no derradeiro instante.

As cornetas soaram e a Companhia da Cavalaria abriu o séquito fúnebre, seguida de três meirinhos, que iam badalando sinos e repetindo a sentença para ciência dos assistentes. Várias Irmandades seguiam o cortejo: a do Rosário, dos Terceiros de São Francisco, do Santíssimo Sacramento, da Sé dos Beneditinos e Carmelitas, que havia recolhido minha Dalva, das Almas do Purgatório. Atrás Silva Xavier, o Tiradentes, seguido pelos irmãos de Santo Antônio e Santa Casa de Misericórdia. A alçada régia estava representada pelo escrivão, ouvidores, juízes-de-fora.

No prédio que me acolhera, bem como nos demais, ouvimos o toque das cornetas e sabíamos o que representava.

O trajeto era longo para ser feito a pé por um condenado. Tiradentes era provado por última vez. E seguiu, tendo por duas vezes olhado os céus. Alguns curiosos tiveram pena. Mulheres choravam e afastavam-se do lugar.

Assim que foram chegando os padres, os meirinhos e todos perto da Igreja de Lampadosa, ouviram de dentro um coral de vozes. Era o conta do amigo do Tejuco, o Mesquita Lobo, cantado por um coral de mulatos, o Domenica Palmarum. Tiradentes entendeu a mensagem muda. Logo mais viria o seu sacrifício, como o de Jesus, pelos seus irmãos, só que, por diferente havia ele sonhado com um reino neste Brasil, provera Deus lhe reservasse um lugar no outro Reino. Olhou para dentro, parando por uns instantes. No altar viu acesas velas. Formavam um perfeito triângulo. Sinal que, se ele morreria breve, as idéias de liberdade permaneceriam. Atrás de uma coluna julgou ver uma mulher e uma criança. Talvez Eugênia. O sol forte o impedia de ver direito na Igreja escura. Melhor não fosse ela, pobre mulher - pensou.

Seguiu adiante. Ao seu lado, acompanhando-o no derradeiro momento as entidades amigas5 ministravam-lhe conforto. Uma paz estranha o envolvia a poucos metros da forca que avistou adiante. Um entorpecimento, e uma alegria nova no coração. Era nisto a morte? A liberdade?

Diante da escada parou um instante. Frei Penaforte ajudou-o a galgar os vinte e quatro degraus. Diante de si viu a multidão e os guardas em seus uniformes. Não! Não se enganava! Era novamente o triângulo6 que tinha diante de si. Olhou para as autoridades. Seu pensamento se elevou aos céus, enquanto se ouvia um discurso encomendado ao padre, para lição à multidão presente.

- Seja breve, padre - pediu Tiradentes, baixando a voz.

O padre parou um instante. Tiradentes pensou que já não lhe poderiam negar falasse àquele povo porque iria morrer por aquele modo por ele. Com um coragem, abriu a boca para falar-lhes. A um sinal, o carrasco puxou a corda, atando-a à trave. Não lhe permitiriam aquele último recurso!

Frei José Maria do Desterro começou sua fala, condenando aqueles que fugiam à desobediência dos reis e seus ministros! Aproveitou para falar da sentença aos outros condenados, com o que pudesse fazer saber a todos os que ainda não soubessem, devido a amizade que tinha a alguns acusados. Por três vezes Tiradentes lhe pediu que terminasse a prédica. O Sol estava a pino. Pediu água e lhe deram, mas como que se lembrasse de pedido semelhante a um outro condenado à morte, a quem pedia coragem e perdão para os algozes, mal a pôde beber. Frei José começou a orar o Credo dos apóstolos, lentamente. Para que também se pusesse, por fim, pronto para aquele instante Tiradentes repetiu alto, para que as pessoas próximas ouvissem, palavra por palavra. Todos estavam magnetizados por aquele homem magro e abatido, cujo olhar espelhava uma força e resignação divinas. Amparado por forças invisíveis ao populacho e à tropa, seu espírito, meio liberto do corpo, pairava acima do solo, ligado por tênues fios ao corpo maltratado, impulsionando a fala. Tirou-lhe o carrasco o crucifixo das mãos. Quando a oração terminasse, teria que cumprir a sentença. Para que a multidão não visse a fisionomia do réu e este a de todos, amarrou-lhe aos olhos uma tira de bretanha preta.

Tiradentes, com os olhos mortais velado, começou a ver o triângulo da guarda radioso em luz, como se um Sol o centrasse!

- Delírios de condenado? - pensou e clamou em espírito: Jesus! Jesus! Jesus!

Descendo os últimos degraus Pe. José terminava a prece encomendada: ?Na vida eterna!? Como se obedecendo a senha, Jerônimo puxou violentamente a corda, suspendendo o alferes no ar. Estertores convulsos sacudiam o corpo. Eram onze horas e vinte minutos do dia 21 de abril de 1792. Pulando sobre os ombros do condenado, balouçado pelo ar, Jerônimo Capitania apressava a morte do Tiradentes.

Vendo o triângulo de gentes alegres a saudá-lo, sentiu o alferes uma dor funda no pescoço e a sufocação. Seu corpo estava levantado, suspenso, como que desmaiava, e, no entanto, ouvia um coral cantando, cantando o Te Deum. O centro solar do triângulo tomava vida: Era o Cristo a lhe estender os braços. Queria falar, correr ao seu encontro, mas não tinha forças. Amparavam-no de cada lado Felipe7 e o romano Lício. Então a morte era assim? E de onde partiam aqueles longínquos ruídos?

Ouvia o Tiradentes, bem abafado, no outro Plano da Vida, o rufar dos tambores que finalizava sua execução e abafava qualquer voz de horror que o povo pudesse erguer.

Também nós o ouvimos e, sabendo-lhe a causa, choramos amargamente.

(Espírito Tomás Antônio Gonzaga - Médium: Marilusa Moreira Vasconcellos - Obra: Confidências de um Inconfidente). EDITORA RADHU

Notas do compilador:
1 - repostar = retrucar;
2 - serapilheira = pano de estopa grosseira, destinado à embalagem de fardos e à limpeza - tecido grosseiro com que os camponeses fazem seus trajes de serviço;
3 - Galé = pessoa escravizada a trabalho penoso e duro;
4 - baraço = corda fina, cordel - laço de forca - corda com que se enforcavam os condenados;
5 - Entidades amigas = Tomás refere-se aos Espíritos encarregados de acompanhar o desencarne de Tiradentes;
6 - Triângulo = Desenho triangular no qual está inscrita a expressão "Libertas Quae Sera Tamen" (liberdade ainda que tarde, ou tardia), divisa da Inconfidência Mineira, hoje lema do Estado de Minas Gerais. É parte de um verso latino do gênio da literatura latina e ocidental Virgílio (Publius Virgilius Maro, poeta latino (70-19 a.C);
7 - Felipe = Trata-se do Espírito de Felipe dos Santos Freire, que havia sido o chefe da revolta de 1720, em Vila Rica (Ouro Preto) contra a lei que instituiu no Brasil as casas de fundição e lançava novos impostos sobre a mineração de ouro. Foi preso e executado no mesmo ano, na mesma cidade de Vila Rica.

Não sei porque esse livro me emocionou tanto...




Foto achada aqui

O JUSTO

Cecília Meireles


Toda vez que um justo grita,
Um carrasco vem calar.
Quem não presta fica vivo
Quem é bom mandam matar.

Foi trabalhar para todos
E vejam o que lhe acontece:
Daqueles a quem servia,
Já nem um mais o conhece.
Quando a desgraça é profunda,
Que amigo se compadece?

Foi trabalhar para todos,
Mas por ele quem trabalha?
Tombado fica seu corpo
Nesta esquisita batalha.
Suas ações e seu nome,
Por onde a glória os espalha?

Por aqui passava um homem
(e como o povo se ria!)
Que reformava este mundo
De cima da montaria.
Por aqui passava um homem
(e como o povo se ria!)
Ele na frente falava
E atrás a sorte corria.
Por aqui passava um homem
(e como o povo se ria!)
Liberdade, ainda que tarde,
Nos prometia.

Poema que Chico Buarque genialmente trouxe para a MPB

quarta-feira, 20 de abril de 2005

CRIANÇAS ÍNDIGO


Foto achada aqui no Rainbow Reflections

A partir da década de 80, elas começaram a chegar, mais e mais. São crianças espectaculares. Elas chegam para ajudar a Humanidade na transformação social, educacional, familiar e espiritual de todo o planeta, independente das fronteiras e das classes sociais. Estas crianças são como catalisadores para desencadear as reacções necessárias para as transformações.

Estas crianças possuem uma estrutura cerebral diferente naquilo que toca ao uso das potencialidades dos hemisférios esquerdo (menos) e direito (mais). Isso quer dizer que elas vão além do plano intelectual, sendo que no plano comportamental está o foco do seu brilho. Elas exigem do ambiente em volta delas certas características que não são comuns ou autênticas nas sociedades actuais. Elas ajudar-nos-ão a destituir dois paradigmas da humanidade:

1. Elas ajudar-nos-ão a diminuir o distanciamento entre o PENSAR e o AGIR. Hoje na nossa sociedade todos sabem o que é certo ou errado. No entanto, nós frequentemente agimos diferentemente do que pensamos. Dessa maneira, estas crianças vão nos induzir a diminuir este distanciamento gerando assim uma sociedade mais autêntica, transparente, verdadeira, com maior confiança nos inter-relacionamentos;

2. Elas também nos ajudarão a mudar o foco do EU para o PRÓXIMO, inicialmente a partir do restabelecimento da autenticidade e confiança da humanidade, que são pré-requisitos para que possamos respeitar e considerar mais o próximo do que a nós mesmos. Como consequência, teremos a diminuição do egoísmo, da inveja, das exclusões, resultando numa maior solidariedade, partilha e cooperação entre todos os seres.

Talvez esteja a questionar-se: como é que estas crianças vão fazer tal transformação?

Através do questionamento e transformação de todas as entidades rígidas que as circundam. Começando pela Família, que hoje se baseia na imposição de regras, sem tempo de dedicação, sem autenticidade, sem explicações, sem informação, sem escolha e sem negociação. Estas crianças simplesmente não respondem a estas estruturas rígidas porque para elas é imprescindível haver opções, relações verdadeiras e muita negociação. Elas não aceitam serem enganadas porque elas têm uma "intuição" nata para perceber as verdadeiras intenções e, mais, não têm medo. Portanto, intimidá-las não traz qualquer resultado, porque elas sempre encontrarão uma maneira de obter a verdade. Elas percebem as verdadeiras intenções e as fraquezas dos adultos.

A segunda entidade vulnerável à ação dos Índigos é a escola. Hoje o modelo de ensino tem um carácter impositivo sem muita interacção, sem tempo para escutar e sem a participação dos estudantes. Simplesmente este modelo é incompatível com os Índigos, sendo que este é o pior dos conflitos para eles, muitas vezes superior ao existente na Família, principalmente pela falta de vínculos afectivos e amorosos. Como elas possuem um estrutura mental diferente, elas resolvem problemas vulgares de uma maneira diferente, além de encontrar formas diferentes de raciocínio que abalam o modelo actual de ensino.

Assim, através do questionamento, elas influenciarão todas as demais entidades, tais como: o mercado de trabalho, a cidadania, as relações interpessoais, as relações amorosas e até as instituições espirituais/religiosas, pois elas são essencialmente dirigidas pelo hemisfério direito.

Infelizmente, a missão dos Índigos é muito difícil, pois sofrerá rejeição de algumas entidades da nossa sociedade. Antes dos anos 80, os Índigos morriam muito cedo porque a frequência de energia do planeta não lhes era favorável. Depois da nova frequência e com um montante maior de crianças, elas começaram a causar transformações maravilhosas no nosso planeta e em breve, após uma geração, nós poderemos perceber claramente as modificações.

Algumas "dicas" para reconhecer os Índigos:
1. Têm alta sensibilidade;
2. Têm excessivo montante de energia;
3. Distraem-se facilmente;
4. Têm baixo poder de concentração;
5. Requerem emocionalmente estabilidade e segurança dos adultos;
6. Resistem à autoridade se não for democraticamente orientada;
7. Possuem maneiras preferenciais na aprendizagem particularmente na leitura e matemática;
8. Aprendem através do nível de explicação, resistindo à memorização mecânica ou a serem simplesmente ouvintes;
9. Não conseguem ficar quietas ou sentadas, a menos que estejam envolvidas em alguma coisa do seu interesse;
10. São muito compassivas; têm muitos medos tais como a morte e a perda dos amados;
11. Se elas experimentarem muito cedo decepção ou falha, podem desistir e desenvolver um bloqueio permanente.

Uma Criança Índigo é aquela que apresenta um novo e incomum conjunto de atributos psicológicos e mostra um padrão de comportamento geralmente não documentado ainda. Esse padrão tem factores comuns e únicos que sugerem que aqueles que interagem com elas (pais em particular) mudam o seu tratamento e orientação com o objectivo de obter o equilíbrio. Ignorar esses novos padrões é potencialmente criar desequilíbrio e frustração na mente desta preciosa nova vida.

Porquê a designação «índigo»?
O termo "Crianças Índigo" vem da cor da aura destas crianças. Existe uma amiga dos autores acima citados, cujo nome é Nancy Ann Tappe, autora do livro "Entendendo a Sua Vida Através da Cor", que pode observar a aura destas crianças, notando uma cor azul forte. Nesse livro estão as primeiras informações sobre o que ela titulou de Crianças Índigo.

Segundo Nancy, 80% das crianças nascidas depois de 1980 são Índigos. Há quem as designe de "Criança Estrela" ou "Crianças Azuis", mas foi através do trabalho de Nancy que elas passaram a designar-se "Crianças Índigo".

Na pesquisa sobre as Crianças Índigo, alguma coisa se tornou quase aparente para os autores/investigadores: embora estas crianças formem um grupo relativamente novo, a sua sabedoria sem idade está a mostrar uma nova e mais amável maneira de estar, não só com elas mesmas, mas com cada um de nós.

Existem vários Tipos de Índigos, mas na lista a seguir podemos observar alguns dos padrões de comportamento mais comuns:
1. Vêm ao mundo com um sentimento de realeza e frequentemente agem desta forma;
2. Têm um sentimento de "desejar estar aqui" e ficam surpresas quando os outros não compartilham isso;
3. A auto-valorização não é uma grande característica, frequentemente perguntam aos pais quem elas são, de onde vieram;
4. Têm dificuldades com autoridade absoluta sem explicações e escolha;
5. Simplesmente não farão certas coisas; por exemplo, esperarem quietas é difícil para elas;
6. Tornam-se frustradas com sistemas ritualmente orientados e que não necessitam de pensamento criativo;
7. Frequentemente encontram uma maneira melhor de fazer as coisas, tanto em casa como na escola, o que as faz parecer como questionadores dos sistemas (inconformistas com qualquer sistema);
8. Parecem anti-sociais a menos que estejam com outras do mesmo tipo;
9. Se não existem outras crianças com um nível de consciência semelhante à sua volta, elas frequentemente tornam-se introvertidas, sentindo-se como se ninguém as entendesse;
10. A escola é frequentemente difícil para elas do ponto de vista social;
11. Não respondem à pressão por culpa do tipo: "Espera até o teu pai chegar e descobrir o que fizeste!";
12. Não são tímidas quando precisam de fazer os adultos perceberem o que elas necessitam.

Alguns links para websites cujo tema é as "Crianças Índigo"

2 sites:
Mago da Luz
Farol de Luz

4 textos:
crianças índigo
crianças cristal
indigo kinder
novas crianças, novos homens

OBS: Esse texto recebi por e-mail, provavelmente vindo do site: Peregrina 12

sexta-feira, 15 de abril de 2005

DOUTORES DA ALEGRIA



Apenas um trabalho lindo e digno de ser noticiado aos 4 ventos. Esses meninos e meninas são um dos motivos que eu tenho de me orgulhar de ser brasileira.

quarta-feira, 13 de abril de 2005

AS CRIANÇAS ÍNDIGO E OS PACIFICADORES


Aqueles de nós que permanecemos somos da "velha guarda" e teremos que alterar nossa biologia para nos harmonizarmos com a energia que está chegando. Teremos que fazer por nós mesmos coisas que as novas crianças não terão. As crianças nascidas depois de 1987 representam o tipo de humanos do puro estado Índigo. Vêm com equipamentos que nunca tivemos. Embora possam parecer desajeitadas agora, com o passar do tempo nós saberemos quem são os desajeitados. Quando elas forem em número maior que a velha guarda, ficará óbvio que nós somos os estranhos, a menos que mudemos.

Os Índigos chegam com uma pureza antes nunca vista, um revestimento espiritual criado com permissão. Foram os que deram permissão no 11:11 para que suas tribos e países fossem visitados e flagelados por muitas mortes. Eles voltaram rapidamente para participar da evolução espiritual. São a Família. Os olhos deles mostram que são almas antigas. Antes dos seis anos de idade alguns deles contarão tudo sobre quem eles foram. Chegam assim lúcidos e são chamados de tipo B.

Há outro tipo a caminho, o tipo C. A evolução espiritual continua neste planeta de livre-arbítrio que tem a capacidade de se elevar espiritualmente. Isso é apenas o começo. O primeiro teste está encerrado, agora a Terra está assumindo um papel que poderá mudar áreas do universo no qual se encontra. Em 2012 veremos os primórdios na próxima geração, os filhos dos Índigos, e então tudo realmente começará e a verdadeira evolução espiritual humana será vista com clareza. Estes filhos dos Índigos serão muito diferentes até mesmo dos pais. Representarão uma geração espiritual com capacidade e potencial para mudar totalmente a Terra e serão chamados de os Pacificadores.

Nem todos eles serão gigantes espirituais, pois este permanecerá um planeta de livre-arbítrio, com humanos vivendo numa forma de dualidade reduzida. Essas crianças, contudo, terão predisposição para criar um planeta pacífico - e sabedoria e amor-próprio para fazê-lo.

Cada humano que já foi vivo está novamente vivo agora. Os demais seres que estão se reunindo a nós vieram da Família, do Grande Sol Central e também de outras partes do universo físico. Alguns chegam com um karma estelar assombroso de outros lugares, mas são humanos agora e ficarão aqui até o fim - e são profundamente amados.

Alguns integrantes da velha guarda que começaram tudo não voltarão. Muitos de nós que teremos concluído nossa tarefa depois da vida atual seremos acolhidos de braços abertos porque a Família sente a nossa falta. Isso significa para estes que esta é a última vida na Terra. Outros, não lemurianos, voltarão, pois o desafio deles, como foi o dos lemurianos, é criar uma nova Terra.

O que se pode fazer pessoalmente neste momento? É chegada a hora de entendermos plenamente, no nível consciente, quem somos. A primeira coisa que podemos fazer quando estivermos sozinhos é nos olharmos no espelho e dizer três vezes, olhando nos olhos: "EU SOU O QUE SOU". Talvez nossa biologia ao ouvi-lo na nossa própria voz atravessando o ar e vê-lo em nossos olhos, assimile mais facilmente o conceito de que nós somos mais do que pensávamos.

Cada integrante da família recebe uma "insígnia de energia" ao partir deste planeta. É uma faixa de cor que se aplica a nós em nossa missão. Para onde quer que formos no universo, outras entidades reconhecerão que fizemos parte do grande experimento de energia do planeta Terra - o teste que está se encerrando nesta época. Por isso existe tanto medo neste momento em meio à humanidade, pois no nível celular os humanos sabem que o fim do teste está próximo.

Abençoados os que não lêem esta mensagem, pois embora temam a chegada do fim, quando ele não acontecer conforme programado, eles estarão prontos para receber mais conhecimento dos que se mantiveram alegres no decorrer disso tudo. Muitos se voltarão para nós e perguntarão por quê. Agora nós sabemos.

Celebremos o fim do teste! Celebremos o novo universo cuja energia é a energia da humanidade!

Esta é a parte difícil, em que recolheremos as taças de nossas lágrimas de alegria e começaremos a sair daqui. Finalmente permitiram que as informações nos fossem passadas. É o fim de um grande projeto muito bem planejado por nós. Celebraremos os tipos de cura que estão sendo iniciados em razão da aceitação desta época amorosa.

Kryon fala a todos nós, a quem conheceu pessoalmente e diz que todos somos eternos, em ambas as direções do tempo circular. Somos todos Família. Eles sabem quem somos, sabem pelo que estamos passando, nos conhecem pelo nome, cada um e a todos, porque somos família.

As estrelas são nossas. O significado da vida na Terra é que havia um desígnio que nós elaboramos, implementamos e pelo qual passamos. Fizemos isso de forma adequada, com sucesso e responsabilidade. Agora é chegado o momento de uma parte da família ir para casa.

OBS: Recebi, por e-mail, da minha amigona Bugra desconheço a autoria.

BUGRA... FLORES NAS SUAS MÃOS

UM DIA...

No dia
- que os países não tiverem mais fronteiras;
- que o comércio for para o bem e necessidade comum;
- que ciência e religiosidade (não religião) se abraçarem;
- e que Deus tiver um só nome e o mundo uma só língua.

Aí sim estaremos caminhando no sentido certo da vida.

Melanie

segunda-feira, 11 de abril de 2005

BOM BAR ZINHO



Não tenho estado bem, um pouco cansada, um pouco de saco cheio de tudo e talvez um pouco deprimida. Aí aproveito e sumo da net também.

Mas hoje alguma coisa melhorou meu astral... Um amigo que rido abriu um blog e fui lá no barzinho dele. Bonito, bem transado, gostei das cores, tem música e petiscos nordestinos.

O endereço é Bom Bar Zinho do meu amigão Hudson...

No teatro em dia de estréia a fente fala uma palavra para dar sorte.

Então, meu amigo Hudson, MERDA para seu blog.

domingo, 3 de abril de 2005

MAIS DO QUE UM AMIGO


Foto: Jorge Cárdenas

Ivo é mais do que um amigo, é um parceiro de algumas vidas já vividas. Ele tem um blog chamado SENSITIVO e está ali do lado na opção ESPIRITUAL.

Ivo, meus respeitos e abraços grandes.

terça-feira, 29 de março de 2005

ESSA MULHER

Joyce/Ana Terra

De manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah, como essa santa não se esquece
De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão
Depois sorri meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo que a faz assim feliz
De tardezinha essa menina se namora
Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia, qualquer dia entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em quem esbarro a toda hora no espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz que acha tudo natural

quinta-feira, 24 de março de 2005

PÊ CÊ

Os surtos estranhos começaram de uma forma branda, quase imperceptivelmente, mas com o passar do tempo as crises foram aumentando sua freqüência, ele começou a ter altas variações de pressão e palpitações.

Um dia acordei de madrugada com ele dando uns estalidos estranhos e quando fui medir sua temperatura anal fiquei horrorizado. O pobre coitado estava com 94º de febre e a hora que olhei para o monitor piscavam luzes coloridas. Eu comecei a achar que ele estava tendo um surto de comportamento esquizoafetivo do tipo paranóia. Tentei acessar meu caderno de endereços, mas foi em vão. Nenhum dos sinais vitais dele estavam compatíveis com a normalidade.

Procurei pelas gavetas o velho e bom caderno de endereços de papel e achei em baixo de um pouco de poeira, resguardado por algumas teias de aranha, mas o bolor não chegou a tomar conta e desgrudando as folhas amareladas achei o telefone do Doutor Kanalha. Pedi que viesse com urgência, que eu pagaria o adicional noturno, mas que não podíamos deixá-lo morrer assim, sem assistência.

Ele examinou meu pequeno amigo, conseguiu tirá-lo da crise e deixou uma receita para eu avia-la no dia seguinte. Era para dar 4 comprimidos de Lactopurga e 30 gotas de Luftal que ele iria ficar bonzinho.

Fiz exatamente o que o Dr. Kanalha prescreveu, mas a febre tinha voltado e ele estava começando a ter algo parecido com uma convulsão. Liguei para o consultório do médico, mas ele tinha saído e quem me atendeu foi a enfermeira. Disse que o médico tinha pedido para eu comprar um frasco de Haldol, pois meu amigo poderia vir a ter um forte surto esquizóide como agravamento de uma leve paranóia que ele já vinha apresentando.

Dois dias se passaram e nenhuma melhora. A memória do meu amigo tinha sofrido uma coisa parecida como ?estouro da pilha? e ele passou a ter apenas uma vaga lembrança das coisas mais sérias. Como não vi nenhuma melhora, decidi ligar novamente para o consultório do médico.

- Consultório do Dr. Kanalha, em que posso servi-lo?
- Boa tarde senhora... senhora...
- Senhora não, senhorita, por favor, senhorita Kibundha, sou a enfermeira do Dr. Kanalha. Em que posso ajudá-lo?

- Sta Kibundha o Dr. Kanalha atendeu ao meu chamado essa madrugada...

- É o Sr. Tadeu Tadando que está falando?
- Sim.
- O Dr. Kanalha deixou outra receita comigo, caso a medicação da madrugada não desse certo. O Sr. Pode passar aqui até às 17h para buscá-la.
- Sim senhora, já estou indo aí.

Em 15 minutos eu estava chegando no consultório, peguei a receita, agradeci e parti pra dentro da farmácia, meu amigo tinha piorado muito. As convulsões tinham recomeçado.

O balconista da farmácia leu a receita e perguntou:
- O senhor tem certeza que são esses remédios mesmo?
- Respondi ?sim? e pedi para ler a receita, pois com a pressa eu não tinha nem lido a prescrição passada pelo Dr. Kanalha.

Sr. Tadeu Tadando, se o Sr. Bicheira Bagaceira não tiver melhora de 24 a 72 horas entrar com a medicação de urgência que consiste em:

Diariamente e por 10 dias seguidos ministrar:
5 colheres de sopa de Agarol
Um comprimido de Gardenal
E dois comprimidos de Ascarical
OBS.: O Gardenal é apenas uma medida profilática, pois ele vai cagar as bichas todas sem ter convulsão.

Quando cheguei em casa e mostrei a medicação para meu amigo Bicheira e ele deu um pulo tão grande que pensei que estava curado. Mas que nada, ele quase saltou pela janela. Infelizmente, era só mais um de seus surtos psicóticos. Quando ele me viu pensou que estava vendo o Dr. Q Dedo que ele já conhece tão bem, um médico excelente, muito capacitado e habilitado, mas por ser proctologista meu amigo tinha horror dele.
- Porque você reagiu assim Bicheira? Perguntei.
- Pensei que o Dr. Q Dedo estava chegando para me fazer um exame, eu não quero Q Dedo! Não quero! Prefiro o suicídio!!!
- Calma amigo, só estou trazendo a medicação do Dr. Kanalha, acho que agora você melhora.

Dez dias se passaram e meu amigo continuava com febres, palpitações e às vezes nem vaga lembrança tinha mais.

Ele parecia O Malandro do Chico Buarque:

O malandro/Tá na greta
Na sarjeta/Do país
E quem passa/Acha graça
Na desgraça/Do infeliz

O malandro/Tá de coma
Hematoma/No nariz
E rasgando/Sua bunda
Uma funda/Cicatriz

O seu rosto/Tem mais mosca
Que a birosca/Do Mané
O malandro/É um presunto
De pé junto/E com chulé

O coitado/Foi encontrado
Mais furado/Que Jesus
E do estranho/Abdômen
Desse homem/Jorra pus

O seu peito/Putrefeito
Tá com jeito/De pirão
O seu sangue/Forma lagos
E os seus bagos/Estão no chão

O cadáver/Do indigente
É evidente/Que morreu
E no entanto/Ele se move
Como prova/O Galileu

O malandro nº 2
Kurt Weill - Bertolt Brecht - versão livre de Chico Buarque/1977-1978 para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarqued

Passaram-se os dias à base de Lamotricina, Venlafaxina, Valproato e Clonazepan.
Se bem que eu achava que seria melhor Formicida logo de uma vez, dizem que a Tatu é a melhor, deixa o intestino em tiras que nem o Pitangy dá jeito.

Mas tive que chamar mesmo o Dr. Q Dedo, que depois do seu "dedo santo", trocou o cooler, formatou o HD, deletou todos os vírus e meu amigo Bicheira Bagaceira voltou a ser o micro que sempre foi: O MELHOR PC DO MUNDO.

segunda-feira, 21 de março de 2005

OUTONO



Djavan

Um olhar, uma luz
Ou um par de pérolas, mesmo sendo azuis
Sou teu e te devo por essa riqueza
Uma boca que eu sei
Não porque me fala lindo
E sim beija bem
Tudo é viável pra quem faz com prazer

Sedução, frenesi
Sinto você assim
Sensual, árvore, espécie escolhida
Pra ser a mão do ouro
O outono traduzir
Viver o esplendor em si

Nua pele, um bourbon
Me aquece como eu quero
Sweet home
Gostar é atual além de ser tão bom.


Hora de desarmar, limpar e fazer os consertos nas barracas de camping, guardar o bronzeador, o biquíni e a canga. O chapéu de praia vai enfeitar a parede com aquele colar feito de um monte de conchinhas catadas na praia.

Hora de guardar o short e as camisetas de alça, os vestidos de flores miúdas.

O Outono acaba de chegar e é conhecida como a estação das folhas secas que caem das árvores, cobrindo o chão das cidades e campos como um lindo tapete com vários tons de terra. É o tempo dos dias de céu azul intenso e brisa leve.

É a estação de se preparar para o frio do inverno, rever o guarda-roupa, tirar as mantas e cobertores para tomar sol e vento.

Deixar limpa a lareira, juntar galhos e cortar a lenha. Arrumar tudo para quando os dias de frio começar a chegar devagarzinho.

Uma estação muito rica em aromas e sabores, uma verdadeira festa para o nosso paladar, é época de ir para a cozinha brincar de inventar algo morno como nossos corações, café com creme, bolo de chocolate com calda quente e recheio de nozes pecã.

Sim, hora de pecar.

Sentar na cadeira de balanço da vida e fazer um levantamento para aonde estamos indo e de como queremos ir.

Hora de fertilizarmos a existência, como as folhas mortas fertilizam o solo.

É chegado o tempo de renascer das folhas mortas.

É chegado o tempo...

sábado, 19 de março de 2005

VIAJAR É PRECISO...


Se me perguntarem por que preferimos deixar um carro confortável, com som, ar condicionado e cheio de espaço, na garagem de casa e viajarmos de moto, com lufadas de vento, insegurança, pó na cara e na roupa, sol torrando e chuva dando agulhadas e bunda doendo, eu não saberia explicar.

Sei que é bom, é emocionante e gostamos.

Gostamos de fazer parte da paisagem e não apenas olhá-la através do vidro da janela fechada.

A estrada para o motociclista é como esse marzão, não tem fim.

Não precisamos nem saber aonde vamos, ir é o importante.

E mais importante do que ir, é saber que vamos juntos.

Melanie

FALANDO SOBRE PAIXÃO - I PARTE


YAMAHA RX 125C - PRATA & AZUL

Isso foi em 1983 e lá se vão 22 anos.

Na época eu estava sem carro e sem previsão de comprar um e ia sempre com a minha filha, que tinha 5 anos, até a garagem do prédio onde morávamos, era lá onde as crianças brincavam. Era uma garagem espaçosa, com sol e, eventualmente, uma piscina de plástico de 1.000 litros onde cabiam umas 10 crianças. Foi nessa garagem que eu a vi pela primeira vez e comecei a namorá-la.

Era uma Yamaha RX-125c prata e azul que eu não sabia quem era o dono. Um dia quando eu estava com a minha filha na garagem um vizinho, marido de uma amiga do prédio, desceu e foi ligar a moto. Começamos a conversar sobre ela e ele me contou que aquela moto tinha menos de 6 meses e que um amigo tinha dado para o filho de 17 anos, se arrependendo logo depois. A moto foi apreendida porque o menino não tinha carteira por ser menor de idade, e que esse amigo tinha pedido para ela ir buscá-la no DETRAN, por ser habilitado, e que ficasse com ela até vender.

Foi aí que o diabo começou a me atentar...

Conversa vai, conversa vem, falei que queria ficar com a moto e lembro que levei 4 meses para pagar na seguinte forma: 50 + 50 + 5 + 5. Quando paguei o primeiro mês ele queria que eu ficasse com chave e documento, mas eu não quis e pedi para ele continuar ligando e, eventualmente, andando nela. No segundo pagamento ele insistiu para que eu ficasse novamente com a posse da moto, e eu insisti que só pegaria o documento quando terminasse de pagar. Ele riu, pois eu já tinha pago mais de 90% do valor dela, e eu respondi que se algo acontecesse eu não teria o restante do dinheiro.

E foi exatamente o que fiz.

No dia que fui levar os últimos 5 não sei o quê, pois não me lembro mais o nome do dinheiro na época, eu peguei a chave e o documento. E foi aí que comecei a ter outros tipos de problemas: eu não tinha carteira de motociclista, e a de motorista estava vencida, nem dinheiro para passar a moto para o meu nome e pagar o IPVA que iria vencer, tinha uma filha de 5 anos, pequena demais para um garupa e o pior de todos os problemas é que eu não sabia andar de moto.

Acho que levei um mês ligando a moto sem ao menos tirar do lugar, até que um dia eu me perguntei se eu era uma mulher com ou sem fibra, mas não obtive resposta. Aí, como falam no Rio de Janeiro, me emputeci. Combinei com a minha irmã de irmos um domingo à tarde até a casa do papis & mamis, mas ela teria que ir de carro atrás o tempo todo pra não deixar ninguém passar por cima de mim. Eram somente 6Km e num domingão de calor o RJ inteiro dorme à tarde.

Com o tempo fui pegando as manhas: a de andar com minha filha amarrada em mim, a de que sendo uma moto com motor 2 tempos o que não consumia de gasolina, consumia em óleo e vela de ignição e fui "pegando gosto" como falam os mineiros.

E a bichinha me proporcionou "causos" hilários.

O primeiro deles foi quando descobri que vela quando queima, nem os anjos conseguem fazer a moto ligar. Eu descobri isso por volta do meio dia indo almoçar com um amigo. Depois de quicar umas 10 vezes e terminar de matar a moto por afogamento, que já estava morta por queima de vela, passou uma boa alma que se sujeitou a empurrá-la até a oficina mais perto, enquanto eu ia levando o táxi dele. Numa outra vez, num verãozão das duas horas e quarenta graus, a odisséia foi com minha filha na garupa, mas dessa vez eu estava armada com chave e vela nova, foi só pedir aos seguranças de uma faculdade perto de casa para me deixarem usar a sombra da árvore do estacionamento que fiz o serviço de mecânica ali mesmo.

Comecei a pensar em vendê-la quando passei um dos maiores medos da minha vida.
Eu tinha ido até a casa da minha irmã e apesar de jurar que eu voltaria antes de anoitecer, ficamos conversando mais do que devíamos e saí da casa dela por volta das 9 da noite. Roupinha básica de motoqueira: jeans, tênis, jaqueta e capacete - que na época não era obrigatório - e trafegando numa das mais largas avenidas do RJ começo a ver uma retenção no trânsito. Acidente? Tiroteio? Blitz? "Não! Blitz não!!! Não tenho nenhum documento em dia, o IPVA venceu há 6 meses, não tenho habilitação e nem tive grana pra passar a moto pro meu nome"... Blitz não....

Blitz sim...

Carros paravam por amostragem, ou seja, um sim e alguns não. Motos, TODAS! Ficavam 3 policiais exclusivamente para atender aos motoqueiros. Pensei: "tô ferrada e é agorinha mesmo".... Eu estava a uns 200 metros de casa, sem dinheiro nem para pegar o ônibus, perto do estádio do Maracanã, e eu sabia que morava num dos lugares mais perigosos do RJ, e apavorada porque do meu lado esquerdo tinham firmas, que pela hora, estavam fechadas, e do meu lado direito a linha do trem e depois o morro da Mangueira. Nada agradável para uma mulher sozinha fazer esse percurso a pé, e a probabilidade de eu chegar sã, salva e íntegra em casa era de 0,1%. Nessa hora só consegui pensar numa frase: tô fudida! E o pior... literalmente.

Tentando me valer do sangue frio germânico (que carrego 25%), parei a moto no lugar indicado pelo guarda, desliguei minha amiga, tirei a mochila das costas e o capacete, e foi nessa hora que ouvi o guarda que vinha em minha direção falar:

- Ah! É mulher!? Pode ir embora. Olhei para ter certeza que era comigo... E era.

Botei a mochila nas costas, o capacete, liguei a moto com maior cuidado, passei primeira e... Ele para na minha frente e fala:

- Se bem que eu deveria ver os documentos de todo mundo, né? Secamente eu respondi:

- Por mim tudo bem, quer? E inclinei o ombro mostrando a alça da mochila. Ele respondeu:

- Não, pode ir embora.

Eu fui.

Fui tendo um ataque de risos até em casa, mas não era felicidade e sim histerismo, medo, pavor, terror de ter que ira a pé pra casa.

Depois de um ano com ela e de sobreviver a isso, comecei a pensar seriamente em vender a moto.

Obs: A minha era prata e azul, mas como é muito antiga eu só consegui essa foto na net.

quinta-feira, 17 de março de 2005

FALANDO SOBRE PAIXÃO - II PARTE


HONDA ML 125C - VERMELHA

Depois de trocar a Yamaha RX-125c por um bugre e ficar com ele uns 10 meses, casei e mudei do Rio de Janeiro para Rondônia, para morar numa cidade estilo faroeste chamada Ariquemes. Eu estava bem quieta no meu canto até que sugeri ao marido que entre comprarmos um carro velho ou uma moto nova, esta daria menos despesa. Estávamos começando a vida de acasalados e construindo uma clínica com mais 5 sócios. Era ou moto, ou andar a pé. E isso não é muito bom para o organismo quando se mora num lugar que tem 360 dias quentes por ano, e onde o verão foi feito de poeira e o inverno de lama.

Lá fomos nós, mas agora para a Honda porque moto de 2 tempos é como traição, uma vez só basta.

A escolhida foi uma ML 125c vermelha que ganhei no fim do ano, perto do meu aniversário em 1985. Dois anos sem moto me fizeram ficar com medo de tirá-la da loja, zerinho, brilhando, mas como só eu tinha habilitação, fui a escolhida.

Em março de 86 engravidei do meu segundo filho e esse foi gestado praticamente em cima do tanque de gasolina daquela ML. Minha barriga ia crescendo e encostava no tanque - Será que é por isso que ele está com 18 anos, indo para auto-escola e pediu para tirar carteira de carro e moto? Morro de medo, mas deixei né? Fazer o quê?

Andei na ML até uns 7 meses de gravidez e depois meu urologista (na época dono de uma CB 400) me proibiu andar de moto com aquele barrigão.

Quando meu filho nasceu, em noites muito quentes dávamos um passeio familiar de moto. Na época ele devia estar com uns 3 meses e íamos com a filha no tanque, marido pilotando e eu atrás com o filhote enfiado num daqueles cangurus que as mães usam para carregar filhotes pequenos. Ele ficava lindinho, com o nariz vermelho como um palhacinho, acho que sentia um pouco de frio, mas fazia cara de quem estava gostando.

Mas como não podia deixar de ser, essa moto também nos proporcionou histórias tragicômicas, e em uma delas, mais ?quase trágica? do que cômica eu aprendi o que é realmente pilotar uma moto, e que nunca devemos confiar nos motoristas desatentos.

O que rolou foi o seguinte:

Marido chegando para almoçar e eu me preparando para levar a filha para a escola. Quando estou de saída ele vem chegando com a moto, falei:

- Nem desliga, levo a Paty na escola e volto em 2 tempos para almoçar com você, me espera.

Fui devagar, como sempre faço com criança na garupa, mas voltei descendo a lenha, quebrando o coco, ou como falava um amigo meu, ?deitando o cabelo?. Era uma avenida reta, comprida e eu morava no 11º quarteirão. Entro na avenida com pressa e na minha frente um caminhão basculante, aí a gente fica naquela de ?vai lá fora, vê se dá pra ultrapassar, não dá, volta?. Foi aí que vi a seta do lado direito piscando, pensei ?agora eu vou? e comecei a abrir para ultrapassar. Algo falou na minha cabeça ?vai não, você não tá com tanta pressa assim para arriscar...? e optei por voltar pra trás do caminhão, e foi nessa hora que em vez de virar para a direita como estava sinalizando, virou para a esquerda. Arrepiei inteirinha... Se eu tivesse ultrapassando, eu ficaria no meio, provavelmente em baixo da roda traseira dele.

Ficamos com essa moto pouco tempo, porque eu com dois filhos pequenos e marido com dois tombos nela tirou o tesão.

O primeiro tombo dele foi moleza, época de seca, caiu na terra e não machucou, mas o segundo foi mais sério e no asfalto. Ralou joelhos e mãos, e cirurgião de mãos raladas não pode trabalhar.

Foi quando decidi que meu presente não estava servindo mais e decidi vendê-la. Ele protestou dizendo que tinha sido um presente de aniversário, mas se ganhei, era minha e se era minha eu podia fazer dela o que quisesse.

Compramos um fusca velho.

quarta-feira, 16 de março de 2005

FALANDO SOBRE PAIXÃO - III PARTE


HONDA STRADA 200C - VERMELHA & PRETA

O ano era 1995, e eu morava no Mato Grosso do Sul. Nessa época, minha mãe e duas irmãs moravam em Blumenau, e uma outra irmã estava se mudando também para a mesma cidade. Só que com ela a mudança era mais lenta e mais trabalhosa, pois estava mudando sua agência de publicidade também. Então ela ficava Rio/Blumenau direto e numa dessas vezes eu estava lá visitando minha galera.

Minha irmã levou sua moto para Blumenau, isso agilizava toda a correria burocrática para se abrir uma firma e quando eu cheguei ela precisava emplacar a moto, já que tinha mudado o endereço, mas ela não tinha habilitação. Eu já não andava de moto há, pelo menos, uns 8 anos e tive um pouco de medo. Mas a situação era: "ou eu, ou eu... ou sem emplacar", aí sobrou pra mim.

Foi subir na Stradinha e a saudade foi chegando devagar. Essa coisa de moto vicia, e mais do que viciar é um estado de espírito. Como meus filhos já tinham crescido bastante, meu espírito começou a voltar ao seu estado original, motoqueira.

Um ano depois minha irmã resolveu vender a Strada e acho que não preciso dizer quem comprou... E numa noite, em 1997 ela chegou dentro de um caminhão baú, vermelha, novinha, linda e... minha.

Acho que foi a moto que ficou mais tempo comigo, 4 anos, e quando começaram a aparecer os moto boys e seus baús nas traseiras das motos, ela ganhou um também, pois era extremamente confortável sair para as compras com um baú que cabe exatamente a quantidade de uma cestinha de mercado. Ali levei de tudo, até ovos de páscoa. Só que eu morava em uma cidade pequena e o papo que rolava é que tinha uma moto girl na cidade. As pessoas quando me viam na moto vinham perguntar se eu trabalhava com entregas, pois era a única moto com baú.

Essa moto nasceu vermelha na fábrica, mas mudou de cor.

Tenho um fraco por veículos pretos, e um dia marido saindo de casa para o trabalho, cruzou com o dono da casa lotérica que não tinha visão lateral e quase que passa em cima dele. Não passou, mas ele caiu e a moto ficou arranhada, e como ela ia pintar achei que era uma boa hora de mudar a cor. O causador do acidente arcou com os custos do conserto da moto e eu com os da alteração de cor. E ela voltou pra casa mais linda ainda, preta, e passou a ser chamada, carinhosamente, de Minha Pretinha.

Em 1999 Minha Pretinha volta para Blumenau, pois decidimos mudar para lá e eu ficava indo e vindo MS/SC. E foi quando eu comecei a pilotar na estrada aos cuidados do Gui, meu cunhadão. Eram pequenos percursos de 40 ou 50 km no máximo, mas foi assim que comecei a ser mordida pelo gosto realmente do vento entrando pelas narinas, coisa que pilotar na cidade não sentimos muito.

Lembro de uma vez conversando com meu cunhado e meu mestre de pilotagem de moto, contar que eu nunca tinha caído feio. Já tinha derrapado e soltado as motos 2 vezes no chão, mas cair com elas, nunca. Mas todo motoqueiro sabe que a moto foi projetada para cair, por só ter duas rodas e depende totalmente da habilidade do piloto, e que nada "nunca acontece". E um dia aconteceu.

Tinha um encontro de motoqueiros numa cidade a uns 150 km de Blumenau e meu cunhado perguntou se eu queria ir. Lógico que sim, eu nunca tinha pegado mais do que 50 km de estrada e essa seria uma boa oportunidade. Fomos em 3, o Gui, minha irmã e eu, um em cada moto. Iríamos encontrar um grupo de motociclistas num lugar chamado Parada I para seguirmos juntos para o encontro, mas como eu morava na cidade há pouco tempo não fazia a mínima idéia de onde ficava o lugar do encontro.

Estávamos passando por uma avenida que nossa pista estava livre e a outra engarrafada, e não gostei nada quando um imenso caminhão do corpo de bombeiros simplesmente invadiu a nossa via com a sirene ligada e voando baixo. Minha irmã e meu cunhado estavam a direita e encostaram e eu estava a esquerda e não tinha para onde fugir, resultado: fique de frente com o caminhão vindo a toda e por falta de opção, simplesmente cheguei o mais próximo dos carros da mão contrária e parei. Lembro que ainda pensei: "ele vai passar por cima de mim e nem vai ver". Não passou por cima, só tirou um fino. A situação me deixou de uma forma que o sangue fugiu Deus sabe lá pra onde e fiquei branca. Passado o susto seguimos os 3.

Uns 500m a frente entramos na BR e tinha uma rotatória, e como o Gui sabia que a Parada I ficava exatamente na rotatória, entrou nela pelo lado direito e minha irmã atrás e eu entrei pelo lado esquerdo. Erro de estratégia em cima de uma moto entrando numa das BRs mais violentas do Brasil não é uma situação confortável. Quando vi que eles atravessaram a estrada e subiram na calçada e eu teria que continuar numa estrada que eu não conhecia e nem sabia onde ficava o próximo retorno, olhei pelo retrovisor para ver se eu conseguiria atravessar a estrada. Numa pista uma carreta e atrás de mim uma pá carregadeira, aí optei por dar mais uma volta na rotatória. O que eu não contava é que ela estava cheia de areia. Cálculos rápidos e precisos foram necessários... Pá carregadeira ou tombo na areia? Bom, as chances de sobreviver a um tombo a uns 20 ou 30 km/h são enormes, a não ser que algum veículo passe por cima da gente. Então optei por chegar mais perto possível da ilha no lado esquerdo da rotatória, justamente onde tinha mais areia solta em cima do asfalto. Achei que o mais seguro seria parar bem perto da ilha e foi o que eu estava conseguindo fazer, se não fosse o fato de que meu pé escorregou na areia e BUUUUUMMM... Bunda no chão.

Normal né? Quem nunca tomou um tombinho besta de moto? É levantar, bater a poeira da bunda, levantar a moto e tocar pra frente... E é o que eu faria, se não fosse um pequeno detalhe: a moto tinha caído em cima do meu pé. O cano de descarga estava em cima da sola do meu tênis, meu pé virado pra baixo e eu sem poder fazer nada, pois levantar uma moto estando em baixo dela é muito difícil, mesmo assim eu tentei, mas o máximo que consegui foi tirar um pouco o peso de cima do meu pé e dar uma ajeitada para que ele ficasse o mais confortável possível em baixo dela. Quando o fluxo da estrada diminuiu, ouvi atrás de mim alguém falando:

- Corre Gui, que a sua cunhada caiu de moto.

Logo depois senti duas mãos em baixo dos meus sovacos tentando me ajudar a levantar, era um dentista/motoqueiro. Olhei para cima e falei: "não me levanta, tira a moto de cima do meu pé primeiro". Ai que mico!!! Maior tombo em frente a uns 40 motoqueiros com suas maquinas possantíssimas. Cheguei igual cachorro que caiu do caminhão de mudança: "cadê meu cobertozinho e meu pratinho de ração?". Cinco minutos depois a turma estava se preparando para sairmos e meu cunhado me chamou num canto e perguntou:

- Quer deixar sua moto aí e ir comigo na garupa?. Respondi:

- DE JEITO NENHUM!!!

Meu pai me ensinou a dirigir quando eu tinha uns 12 anos, foi um excelente instrutor e sempre me falava: "sofreu algum acidente, entra no carro e dirige para não dar espaço ao medo. Pode ser que se você não fizer isso o medo se instale e você perca a coragem de dirigir". E foi o que fiz, subi na moto e fui para o encontro pilotando. Ta certo que eu estava com um pouco de dor na perna e muito medo, mas eu sabia que podia vencer as duas coisas, e venci. Fui e voltei pilotando a minha moto.

Uma lição eu posso tirar desse fato: "NADA COMO TOMAR UM TOMBO DE MOTO DIANTE DE 40 MOTOQUEIROS PARA NUNCA MAIS SER ESQUECIDA".

Minha pretinha ficou comigo até abril ou maio de 2.000, foi quando eu passei na Honda e dei de cara com uma Twister. Ela seria lançada no mercado no sábado e eu saí da concessionária com uma preta encomendada na sexta-feira à noite, mas isso já é uma outra história...

sábado, 12 de março de 2005

FALANDO SOBRE PAIXÃO - IV PARTE



HONDA TWISTER 250C - PRETA

Coisa gostosa tirar uma moto nova da concessionária...

Ele é linda, tecnologicamente moderna e... minha.

Minha Pretona chegou perto do Dia dos Namorados e ficou sendo presente do meu namoradão.

Depois de estacionada na garagem de casa eu olhava e não acreditava... Ela é linda!!! Pneu bem mais largo do que o da Stradinha e muito mais estabilidade nas curvas.

Só que tive um probleminha com ela no começo: falta-me uns 5cm de pernas e comecei um ciclo de quedas sempre parada ou parando, que foi bastante, digamos, doído para minhas ?almofadas naturais traseiras?.

Triscou, relou e eu TUM, no chão.

Eu ia parando e sempre escolhia o lado mais baixo da rua, cadê o chão? TUM!! Achei!

Lembro de chegar na garagem para sair, ver que era a Twister e não a Strada que me esperava e ter vontade de ir de ônibus. Mas afinal eu sou a filha do Ary ou não? Então vamos vencer esse medo também, e venci.

Em uns 6 meses troquei 2 manetes de freio e 1 de embreagem, mas com o tempo fui corrigindo isso. É que sou baixinha folgada e a moto inclinou 30º esquece porque é muito difícil voltar com ela para o prumo. Numa das vezes tive tanta raiva de cair que fiquei verde e forte como o Hulk e levantei a moto do chão sozinha. Mas se até uva passa, isso também passou um dia e eu parei de cair, aí comecei a curtir.

Depois de moto bem dominadinha na cidade era hora de voltar para a estrada. A diferença de torque dela pra 200c era brutal e isso me deixava mais confiante nas ultrapassagens.

Viajo com marido na garupa, mas gosto mesmo de vôos solos. E falando em marido, ele não tinha habilitação para motos até vir morar em Blumenau, sabe ?cumé qui é né?? Morávamos em cidades muito pequenas que mal tinham guardas de trânsito e isso fazia dele um cara folgado, mesmo porque você já viu médico ficar sendo parado em blitz? Chegando aqui a coisa mudou e o que mandava era a lei do cão: ?sem habilitação, sem pilotar?. Aí era legal, a gente viajava de moto e não tinha aquela pentelhação ?quem vai pilotando?? era só eu mesmo.

Não é que eu não goste que ele pilote, É QUE ODEIO SER GARUPA. Dói tudo, não me acerto ali atrás.

Foi um tempo interessante, eu pegava a moto e simplesmente saía, comecei a ter mais confiança em mim mesma e pegava pequenos percursos de estrada. É impressionante como me sinto em boa companhia quando estou de moto sozinha. Ela é um dos meus lugares preferidos para por a cabeça em ordem e como passei 2 anos precisando fazer isso, era na moto que eu relaxava.

Teve uma vez que combinamos de ir acampar no dia seguinte e eu já tinha arrumado parte das coisas do acampamento. A noite tivemos uma discussão e fiquei bastante aborrecida. Ele foi dormir e eu conectada na net, pensando, pensando... Quando foi umas 3h da manhã resolvi ir para o acampamento sozinha, de moto. Peguei minhas coisas, uma mochila, roupas de frio porque mesmo no verão estrada de madrugada é fria e deixei um bilhete avisando onde eu estaria.

Acho que foi minha melhor viagem. Sem a mínima pressa, optando sempre pelos caminhos mais longos, friozinho, mas não muito, as estrelas no céu e eu na estrada. Fui cantando mentalmente, pensando na vida e em como dar uma arrumada nela. Só quando entrei na BR umas 4 da manhã é que deu um friozinho na barriga. Ela é meio escura para tanta carreta e tão pouca moto, mas nada que muita atenção não detone esse medo.

Num momento olhei pelo retrovisor e vi mais um farol solitário e isso me deu uma sensação de proteção, tinha um outro louco na estrada de madrugada, e também sozinho. Só que com uma moto bem maior do que a minha, mas também sem participar de nenhum rally, ia uns 20 km/h a mais do que eu, me passou sem pressa e seguiu seu caminho.

Eu conhecia o caminho e já tinha estado acampada ali. O camping fica num lugar bonito com uma escadaria na parte de trás que dá para uma rua de terra e a praia. Quando eu cheguei, ele ainda estava fechado, era por volta das 5 da manhã. Parei a moto em cima da calçada, peguei na bolsa uma latinha de cerveja, abri, acendi um cigarro e fiquei sentada na escadaria olhando aquele mar escuro. Não se via nada no mar, eu apenas sabia que ele estava ali. Era uma espécie de solitário acompanhado, pois eu sabia que o mar estava na minha frente e ele sabia que eu tinha vencido alguns medos para estar ali sozinha, de madrugada, somente com minha companheira.

Quando olhei para o céu vi que estava começando a arroxear, era o rei sol mandando avisar que sua beleza e seu esplendor estavam para chegar, e que mais um dia estava começando. Um dia comum, onde pessoas comuns daqui a pouco estariam começando a acordar, espalhar cheiro de café recém coado pelo mundo, tomariam seu banho, ou não, e iriam para o trabalho. Era um dia comum para muitas pessoas, para mim não. Naquela madrugada venci mais um pouco meus medos, transpus mais um muro, viajei sozinha de moto numa madrugada que pra mim foi quase tão feliz como ganhar flor roubada. Para muita gente isso pode ser um fato banal, mas nasci numa época que mulheres não podiam fazer coisas ?de homens? e sempre fui rebelde. Para mim não era um fato banal. Deixei marido e filhos dormindo e saí sozinha, de moto, pela madrugada afora. O dia ia amanhecendo no seu ritmo lento e eu me amando, sentindo orgulho de mim mesma, me sentindo feliz, mesmo sabendo que ia ter cara feia e puxões de orelha quando a galera chegasse no camping.

Quando o camping abriu, eu achei um banco de madeira e dormi o sono que os guerreiros dormem depois de uma batalha bem sucedida.

terça-feira, 8 de março de 2005

FALANDO SOBRE PAIXÃO - V PARTE



HONDA TWISTER 250C - PRATA

CB 600.F Hornet ? ?Papai do Céu eu juro que sou uma boa menina e essa é meu sonho de consumo. É só 46kg mais pesada e 1cm mais alta do que a minha, mas eu vou me esforçar?...

É com essa que eu sonhava, e meus pezinhos podiam até chegar ao chão, mas mesmo sacudindo todos os bolsos de todas as roupas da casa eu não tinha grana suficiente pra ter uma.

Sei que a maioria dos mortais que querem uma coisa não se satisfaz com uma menor, ou pior, ou sei lá. Não faço parte da maioria dos mortais!

Hoje fui à concessionária buscar minha moto nova. Continua sendo uma Honda Twister, mas não mais preta e sim prata. Não mais a 2001 que ganhei no dia dos namorados e sim uma 2005 que ganhei do meu eterno namoradão.

Fui pilotando a velha, me despedindo dela, agradecendo cada momento de prazer que tivemos juntas, agradecendo a ela por ter sido mansa comigo e nunca ter me jogado no chão a mais de 100Km/h, apenas quando estávamos parando, e assim mesmo só no comecinho da nossa união.

Voltei pilotando a nova. Tão prata, tão brilhante, tão com cheirinho de nova. Vim conversando com ela, pedi para que fosse mansa como sua irmã mais velha, fazendo minha "política da boa vizinhança", sentindo, gostando. Adorei!!!!

Ainda não tenho um grande texto sobre ela, ainda não temos uma história juntas, um dia teremos e nesse dia eu conto para você.

OBS: Ainda estamos juntas. Ela continua sendo uma boa moto, mas não chega fácil nos 140Km/h como a sua antecessora chegava, a Preta. Mudaram a moto, ou mudei eu?

Ainda sonho com a Hornet.

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