quinta-feira, 17 de março de 2005

FALANDO SOBRE PAIXÃO - II PARTE


HONDA ML 125C - VERMELHA

Depois de trocar a Yamaha RX-125c por um bugre e ficar com ele uns 10 meses, casei e mudei do Rio de Janeiro para Rondônia, para morar numa cidade estilo faroeste chamada Ariquemes. Eu estava bem quieta no meu canto até que sugeri ao marido que entre comprarmos um carro velho ou uma moto nova, esta daria menos despesa. Estávamos começando a vida de acasalados e construindo uma clínica com mais 5 sócios. Era ou moto, ou andar a pé. E isso não é muito bom para o organismo quando se mora num lugar que tem 360 dias quentes por ano, e onde o verão foi feito de poeira e o inverno de lama.

Lá fomos nós, mas agora para a Honda porque moto de 2 tempos é como traição, uma vez só basta.

A escolhida foi uma ML 125c vermelha que ganhei no fim do ano, perto do meu aniversário em 1985. Dois anos sem moto me fizeram ficar com medo de tirá-la da loja, zerinho, brilhando, mas como só eu tinha habilitação, fui a escolhida.

Em março de 86 engravidei do meu segundo filho e esse foi gestado praticamente em cima do tanque de gasolina daquela ML. Minha barriga ia crescendo e encostava no tanque - Será que é por isso que ele está com 18 anos, indo para auto-escola e pediu para tirar carteira de carro e moto? Morro de medo, mas deixei né? Fazer o quê?

Andei na ML até uns 7 meses de gravidez e depois meu urologista (na época dono de uma CB 400) me proibiu andar de moto com aquele barrigão.

Quando meu filho nasceu, em noites muito quentes dávamos um passeio familiar de moto. Na época ele devia estar com uns 3 meses e íamos com a filha no tanque, marido pilotando e eu atrás com o filhote enfiado num daqueles cangurus que as mães usam para carregar filhotes pequenos. Ele ficava lindinho, com o nariz vermelho como um palhacinho, acho que sentia um pouco de frio, mas fazia cara de quem estava gostando.

Mas como não podia deixar de ser, essa moto também nos proporcionou histórias tragicômicas, e em uma delas, mais ?quase trágica? do que cômica eu aprendi o que é realmente pilotar uma moto, e que nunca devemos confiar nos motoristas desatentos.

O que rolou foi o seguinte:

Marido chegando para almoçar e eu me preparando para levar a filha para a escola. Quando estou de saída ele vem chegando com a moto, falei:

- Nem desliga, levo a Paty na escola e volto em 2 tempos para almoçar com você, me espera.

Fui devagar, como sempre faço com criança na garupa, mas voltei descendo a lenha, quebrando o coco, ou como falava um amigo meu, ?deitando o cabelo?. Era uma avenida reta, comprida e eu morava no 11º quarteirão. Entro na avenida com pressa e na minha frente um caminhão basculante, aí a gente fica naquela de ?vai lá fora, vê se dá pra ultrapassar, não dá, volta?. Foi aí que vi a seta do lado direito piscando, pensei ?agora eu vou? e comecei a abrir para ultrapassar. Algo falou na minha cabeça ?vai não, você não tá com tanta pressa assim para arriscar...? e optei por voltar pra trás do caminhão, e foi nessa hora que em vez de virar para a direita como estava sinalizando, virou para a esquerda. Arrepiei inteirinha... Se eu tivesse ultrapassando, eu ficaria no meio, provavelmente em baixo da roda traseira dele.

Ficamos com essa moto pouco tempo, porque eu com dois filhos pequenos e marido com dois tombos nela tirou o tesão.

O primeiro tombo dele foi moleza, época de seca, caiu na terra e não machucou, mas o segundo foi mais sério e no asfalto. Ralou joelhos e mãos, e cirurgião de mãos raladas não pode trabalhar.

Foi quando decidi que meu presente não estava servindo mais e decidi vendê-la. Ele protestou dizendo que tinha sido um presente de aniversário, mas se ganhei, era minha e se era minha eu podia fazer dela o que quisesse.

Compramos um fusca velho.

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