sábado, 30 de maio de 2009

A PRIMEIRA FAMÍLIA DE DUAS MULHERES

A sentença é histórica. Pela primeira vez é reconhecido na Justiça o direito de uma mulher, sem nenhum vínculo biológico com seus filhos, ocupar um lugar parental. A Justiça gaúcha, conhecida por decisões de vanguarda, reconheceu e legitimou um vínculo afetivo, amparado por uma história de amor de 11 anos entre duas mulheres, comprovada por vídeos, fotos, documentos e testemunhas.

O primeiro foi Joaquim Amandio, com 2,8 quilos. Dois minutos depois chegou Maria Clara, só alguns gramas mais pesada. Michele estendeu a mão para Carla, deitada na mesa cirúrgica onde fez cesariana. Às 9h55 de 8 de fevereiro de 2007, as palavras faltaram. Com olhos castanhos boiando em lágrimas, Michele acolheu os bebês: "Filhos, a pami está aqui". Sabia que reconheceriam sua voz porque havia contado a eles muitas histórias ao longo dos nove meses de gestação em que habitaram o ventre de Carla. A enfermeira olhou para Michele: "A Maria Clara é a sua cara". Michele exultou. Até hoje conta essa história muitas e muitas vezes. Disparou então para o corredor do Hospital Santa Catarina, em Blumenau, gritando: "Meus filhos nasceram, meus filhos nasceram". Na sala de espera, as pessoas a olhavam com susto. Afinal, como ela acabou de dar à luz e está gritando e correndo feito doida? Nascia ali uma nova família. Diferente, sem dúvida. Mas uma família.

Sem dúvida.

Um mês mais tarde, Carla e Michele anunciaram à escrivã do cartório de registro civil, em Blumenau: "Somos casadas, nossos filhos foram gerados por inseminação artificial e queremos registrá-los no nosso nome". A mulher perguntou quem era o pai. Michele respondeu: “Eles não têm pai. Têm a mim”. A escrivã afirmou que só poderia registrar em nome da mãe biológica. "Nós vamos tentar na Justiça, então", disse Carla. A escrivã retrucou: "Podem tentar, o máximo que vão conseguir é um não".

Em 12 de dezembro de 2008, o juiz Cairo Roberto Rodrigues Madruga, da 8ª Vara de Família e Sucessões de Porto Alegre, disse "SIM". Em 14 de maio, foi determinada a alteração da certidão de nascimento dos gêmeos. Joaquim Amandio e Maria Clara Cumiotto Kamers são agora filhos de Carla Cumiotto e Michele Kamers e seus avós são Alcides e Clara Cumiotto e Jaime e Maria Kamers.

Carla e Michele descobriram que as crianças sempre acham uma boa saída. “Que nojo, beijar uma mulher na boca”, disse uma menina na pracinha. “É mesmo, quando elas não se amam, deve ser bem nojento”, retrucou Carla. “Mas, quando se amam, é bonito.” Um garotinho que circulava por perto falou: “Meu pai namora um homem”.

A história é grande, saiba mais clicando AQUI


NOTA DA LUA NUA: Trouxe essa história para o blog por dois motivos: um porque aconteceu na cidade que moro e não foi largamente divulgada, mas deveria, por ser uma bela história de amor e perseverança. O outro motivo é porque acretito que o mundo está mudando e esses conceitos empoeirados, arcaicos e ultrapassados estão caindo por terra. A família tradicional anda deixando muito a desejar. Pai e mãe foram trabalhar deixando sua prole "à deus dará". Quem sabe os filhos dessas novas famílias venham menos violentos e com mais respeito por si e pela humanidade?

Para mim uma das partes mais interessantes da matéria é quando elas se posicionam quanto aos guetos gays. Eu também acho que, se esses guetos dão liberdade, eles também excluem as pessoas e que essa exclusão faz com que a sociedade mude e aceite mudanças (leia-se: modernize) mais lentamente.

[...] Nem Carla nem Michele vivem em guetos gays. “Nunca me identifiquei como homossexual. Frequentei pouco bares gays. Porque, ao se apresentar como homossexual, me parece que a identidade é reduzida à escolha sexual. Entendo que, na vida, somos homens ou mulheres e, a partir de marcas infantis e dos bons encontros, cada um vai se referenciando a partir do feminino e do masculino”, diz Michele. “Enquanto um casal tem uma relação homoafetiva, homoerótica e quer viver em guetos, problema dele. Mas, a partir do momento em que um casal tem filhos, acho delicado uma criança ser apresentada ao mundo num gueto. Porque todo gueto, e não só o gueto homossexual, visa excluir a diferença. É o confronto com a diversidade, com outras famílias, outras classes sociais, outras experiências, que aumenta as possibilidades, faz com que cada um seja capaz de inventar uma vida melhor. Nas ocasiões em que tentaram eliminar as diferenças, determinar que só existia uma forma de viver, foi muito triste, como no nazismo e no fascismo.” [...]

Parabéns a Michele e a Carla!!!!


E antes de rolar pensamentos e/ou comentários preconceituosos, leiam:

Qual é o sexo do seu cérebro?

Vai que você descobre algo por aí... :=))
Meu teste deu 5. Ponto e pronto.

sábado, 16 de maio de 2009

UM ESCAMBAU

"E aqueles que foram vistos dançando
foram julgados insanos
por aqueles que não podiam
escutar a música... "
Friedrich Nietzsche


Li isso no um escambau e achei bem adequado para o momento que tô vivendo.

Hoje tem Confraria do Samba no Botiquin Wollstein (R. Floriano Peixoto, 89). Vou lá e se der dou uma filmada no povo tocando.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

E O FRIO CHEGOU

Finalmente ele veio, deu as caras de uma forma gostosa: calorzinho de dia, friozinho de noite.


Hoje foi o primeiro dia de usar casaco e mangas compridas na rua, meias e calça de lã em casa.
E com o frio vindo eu vou indo.
- Indo? Prá onde?
- Para o ap novo!
O apartamento velho é assim gostozinho, com 2 varandinhas, mas é de fundos e não é meu. Aliás nada nessa vida é meu porque quando eu voltar pra casa só vou levar minha alminha.
Mas o apartamento novo está sendo arrumado com muito carinho e é de lá que vou ver os próximos dias amanhecendo, vou ver o sol se pondo e avermelhando o mundo, ou ver a Lua chegando.
Falando em Lua, ela chegou hoje à tarde antes do Sol ir embora, estava lindona!
EM 2005 escrevi OUTONO. Hoje não acampo mais, mas de certa forma é um texto que ainda continua atual.
Voilà!

OUTONO

Hora de desarmar, limpar e fazer os consertos nas barracas de camping, guardar o bronzeador, o biquíni e a canga. O chapéu de praia vai enfeitar a parede com aquele colar feito de um monte de conchinhas catadas na praia. Hora de guardar o short e as camisetas de alça, os vestidos de flores miúdas.

O Outono acaba de chegar e é conhecida como a estação das folhas secas que caem das árvores cobrindo o chão das cidades e campos como um lindo tapete com vários tons de terra. É o tempo dos dias de céu azul intenso e brisa leve. É a estação de se preparar para o frio do inverno, rever o guarda-roupa, tirar as mantas e cobertores para tomar sol e vento. Deixar limpa a lareira, juntar galhos e cortar a lenha. Arrumar tudo para quando os dias de frio começar a chegar devagarzinho.

Uma estação muito rica em aromas e sabores, uma verdadeira festa para o nosso paladar, é época de ir para a cozinha brincar de inventar algo morno como nossos corações: café com creme, bolo de chocolate com calda quente e recheio de nozes pecã. E hora de pecar...

Sentar na cadeira de balanço da vida e fazer um levantamento para aonde estamos indo e de como queremos ir.

Hora de fertilizarmos a existência, como as folhas mortas fertilizam o solo.

É chegado o tempo de renascer das folhas mortas.

É chegado o tempo...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Amigo PoPa

Ô meu amigo PoPa, cê num sabe o quanto um punhadinho de palavras ajudam numa hora ruim. Passei, e ainda estou passando, maus bocados meu amigo, e é por isso que sumi tão sumidinha assim, mas tem horas que a fidelidade de amigos (mesmo que de longe) nos fazem ver que precisamos seguir em frente.

Sabe daquela máxima que diz: "quem bate esquece, mas quem apanha nunca esquece"? Pois é... Quem levanta uma alma que beijou o chão jamais será esquecido (mesmo que a gente suma na poeira das estradas).

Obrigada amigo, de alma e coração!

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