terça-feira, 2 de dezembro de 2008

LUZ


A água lavou os olhos do meu povo.
O povo precisa responder com sua luz.

Passei os últimos dois meses olhando para o céu e para a terra. Pensando em quanto tempo duraria aquela briga de titãs, pensando em quem seria o vencedor. E em algumas horas tudo se arrebentou: de vidas a anos de trabalho, de família a animais de sustento ou estimação.

A água mudou o perfil de um povo, mudou a geografia de cidades, mudou tudo dentro de nós. A água que vinha dos céus agora corre pelos olhos num caudal infinito, por infinita ser, nesse momento, a dor de alguns seres humanos.

Mas esses homens e mulheres do sul são feitos de boa cepa, fortes e corajosos. Seus avós e bisavós fugiram da morte pela fome, vieram e venceram. Sei que eles vencerão! Sei que venceremos!

Hoje antes de dormir fui até a varanda do meu quarto e tive uma bela visão de um prédio em frente ao meu e a despeito de toda dor que passamos esses dias, ele está com todas as varandas com aquelas luzinhas natalinas. Fiquei olhando emocionada. Acho que nesse ano mais do que nos anteriores estaremos precisando de luzes de Natal. Muitas luzes! A cidade toda iluminada! Para que tenhamos uma luzinha para cada lágrima derramada.

Se você que está me lendo agora morar em uma das cidades que foi destruída pelas águas no sul do Brasil, acenda luzes natalinas na sua janela. Uma para cada lágrima que nosso povo chorou.

Se você não mora nas cidades destruídas, acenda uma luz por cada lágrima que derramamos, porque nossos mortos não voltarão, nossos bens foram perdidos, nossos animais não mais nos acompanharão, mas nossa fé estará em cada luz natalina que for acesa.

Que tenhamos todos um Natal de luz.


Que assim seja
Que assim se faça

Melanie
02/12/2008

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

SOS BLUMENAU IX - VOLUNTARIADO

Hoje encontrei 3 espaços bem interessantes:

Um sobre ecologia:

Iniciativa Verde


E dois sobre voluntariado:

Voluntários on line



Defesa Civil de Blumenau




NOTA DA LUA NUA: Acabei de me cadastrar na Defesa Civil porque acredito que ninguém é tão ocupado que não possa doar 1 hora do seu dia.

Segue abaixo trecho de uma mensagem recebida de um amigo dos nossos colegas de Itajaí que, acreditamos, expressa também os nossos sentimentos:





NOTA: Não vi rostos tristes nessas fotos... Impressão minha?



Meus amigos,

Ontem 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar. A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta "folga forçada" a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.

As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor. Eu quero mesmo é falar sobre lições aprendidas.

Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.

Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
- Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros
- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos e cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura física da mesma.
- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás.
- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender nas áreas alagadas.
- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas.
- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não ter suas casas saqueadas.
- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.

Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:
- Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma.
- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.
- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença.
- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul.
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram com veteranos.
- Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram , orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas.
- Aos Médicos Voluntários.
- Às enfermeiras Voluntárias.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos.
- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem.
- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.
- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.

Anônimo

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