Que bonito...
Caros amigos,
gostaria de poder encontrá-los um por um para poder dar um forte abraço (como este desta foto "roubada" de minha irmã, a /senhoritah) de retribuição a enorme e inesperada demonstração de carinho que encontrei essa manhã nas palavras e fotos espalhadas por esse nosso fotolog.net (nossa pensão de fotos, na deliciosa definição do Fred).
Não ficarei aqui falando do que eu e minha família sofremos. Não vale a pena. Depois de tamanha demonstração de solidariedade e amizade, só me resta explicar melhor aquilo que estou sentindo.
Sim, perdi importantes bens materiais nesse assalto. Mas tudo bem. Eles são apenas isso. Com o tempo me recuperarei disso e a maioria de vcs já deve ter passado por uma situação semelhante.
O mais duro foi ter tido a sensação de uma dupla morte. Num determinado momento do assalto, quando exigiam saber a localização de um inexistente cofre, tive a terrível sensação de que eu, Alexandre, iria morrer. Afinal, o "grandão" ali poderia criar muitos problemas. Eu já havia sido assaltado antes. Já havia tido arma apontada para minha cabeça. Mas essa sensação íntima de que a morte chegou eu nunca havia experimentado. Nem preciso dizer que foi terrível. Isso faz uma ferida eterna em nós.
A outra sensação de morte foi do /lampiao. Um personagem definido por suas fotos. Por essas fotos que se encontram no "recent photos". E que agora, em sua grande maioria, estão apenas aqui. E aqui ficarão.
No momento em que via o ladrão desconectando meu computador, pensava em duas coisas. Meu trabalho de tese (cujo último backup foi em janeiro), e em minhas fotos. Algumas fotos eu havia salvo antes de sair de Paris. Mas num CD regravável que teima em não ser lido pelo único computador que restou na casa de meus pais.
Mas com a perda das fotos o personagem /lampiao não tem mais razão de existir. /lampiao era essas fotos e todos os comentários deixados nestas fotos. /lampiao era uma construção de memória do Alexandre. Memória de suas viagens, de seu dia a dia, de suas andanças, dos lugares e pessoas que conheceu. Se a materialidade dessa memória não existe mais, /lampiao não existe mais. Por isso escrevi que /lampiao está morto. /lampiao morreu no assalto. E isso, de uma certa forma (esquizofrênica mesmo, com certeza) me alivia. Eu havia me enganado. A minha sensação de que iria morrer não era pro Alexandre. Era /lampiao que ali morria. E isso me alivia, acho.
Mas dizer que /lampiao morreu não quer dizer que Alexandre tb. Muito pelo contrário. Alexandre está aqui para criar outros personagens, para se recriar a todo momento nas interações deste fotolog. Pretendo, assim que me acertar novamente, voltar a postar seja em /tinoco, seja /lá_onde_for_que_me_der_na_telha.
Mas para poder voltar eu já tenho o mais difícil. A vontade e o ânimo. E isso quem me deu foram vcs e seus incríveis incentivos e palavras de carinho.
Agradeço enormemente as iniciativas de se fazer uma vaquinha para /lampiao recuperar sua capacidade de fotografar. Vcs são absolutamente maravilhosos e inesperados. Leio nos flogs de vcs as "negociações" de como realizar isso. Vejo minha irmã metida nisso. E tenho certeza de que eu não sou o único louco por aqui. E isso é muito bom.
Mas não é nem questão de dizer que eu não posso aceitar isso de vcs. A questão é que o que vcs já me deram nesses últimos dias é justamente aquilo que dinheiro nenhum poderá comprar. Aquilo que o ladrão me havia levado e que vcs já trataram de me fazer recuperar : a vontade de fotografar, de continuar, de participar. A câmera é o menor dos detalhes nesta história. Não se preocupem com detalhes. Isso darei um outro jeito.
Mais uma vez muito obrigado pelo suporte e pelo carinho neste momento difícil. Irei, aos poucos, visitar um por um para agradecer as belas palavras deixadas por aqui.
Aquele grande abraço
Até logo,
Alexandre
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