SOU BAIXINHA SIM E DAÍ?

Mas sou motociclista...

E toda vez quero trocar minha moto não acho uma opção que se adapte ao meu perfil. Tive várias motos, mas a primeira que me apaixonei de verdade foi a Honda Sahara 350 que saiu de linha. Depois, eu estava juntando grana pra comprar a Honda CB 500 e ela também saiu de linha. Nas duas meus pezinhos alcançavam o chão e não eram pesadíssimas.

As motos são tão tipicamente masculinas, que um dia escrevendo um texto sobre motos usei a palavra motoqueira e o word corrigiu, porque o programa só identificava a palavra motoqueiro.

Preconceito? Não!!! Humpf!

Ninguém vê esse preconceito comercial num mundo, que até então, foi dirigido por machos. São esses machos que andam de motos, fabricam e administram, e eles têm uma visão totalmente restrita e masculina desse mercado.

Só que como mulher e administradora, sinto que algumas fábricas perdem alguns nichos que não identificaram a importância e isso me faz ter certeza de quanto estamos há anos luz do mercado de duas rodas com conceitos mais modernos de produção, projeção de vendas e satisfação dos consumidores. Atualmente pensam muito mais em fidelidade de venda do que em qualidade de produção, o que é um erro, pois ficam fazendo cadastros enormes só para depois ficarem enchendo o saco do freguês, telefonando, mandando cartas e pegando no pé da gente com aquele batalhão de malditos operadores de telemarketing!

Li uma notícia antiga sobre o lançamento no Salão de Milão em 2003 da Honda CBF 500 que iria se assemelhar a CBF 600, mas pelo que entendi, ela sai tão antiga quanto a notícia, pois apesar de ter boas mudanças como: ganhar suspensão mono mola (na parte traseira, pondo fim à velha solução de duas molas) e freios com apenas um disco dianteiro; manteve algumas coisas arcaicas como o banco que não tem regulagem de altura, o tanque ser grande demais para apenas 19 litros, o painel não ter marcador de combustível, apenas uma luz de aviso de reserva e nem saiu com injeção eletrônica como alguns esperavam.. Mas quanto a isso não adianta reclamar, além de nascer obsoleta nem chegou ao Brasil.

Algumas firmas estão tendo uma nova ótica de produtos e atendimento a um público alvo que há poucos anos nem sabiam que existia.

- Cosméticos criando marcas com fórmulas exclusivas para negros (que agora a lei manda a gente chamar de afros; como se as palavras diminuíssem o preconceito que existe). Sabonetes, xampus, cremes, maquiagem e um sem número de produtos cheirosos e gostosos. Sei por que eu já usei, tenho cabelos encaracolados;
- Hotéis, agências de viagem e motéis direcionados para homossexuais ou idosos (terceira idade ou melhor idade - como quiser - não entendo porque vivem fazendo isso de usar nomes novos para coisas já estabelecidas);
- Indústria automotiva focando as mulheres que atualmente, além de escolher seu carro, negociam, compram e pagam com seus próprios recursos vindos dos seus trabalhos. Nesse tópico gostei de ler algo que falava sobre a mudança do formato da fechadura da porta de um modelo, que foi idealizado para não quebrar as unhas.

Respeito? Sim!

Ou seja, alguns setores industriais estão se adequando ao perfil dos novos usuários, ou melhor, os usuários de sempre e que eles apenas não viam.

A indústria de motos, que deveria ter um perfil totalmente futurista ainda não assimilou que já somos uns 30% de consumidoras e ainda sem produtos feitos exclusivamente para nós mulheres, mas PELAMORDEDEUS!!! Eu não falo em pintar os modelos disponíveis de rosa ou lilás, falo de motos potentes adaptada ao perfil feminino que é mais frágil, mais detalhista e, grande parte, bem mais baixas que os homens.

Mas voltando ao meu problema específico:

Sou mulher, mãe, avó e... baixinha, só que também sou motociclista. Comecei com uma moto pequena, uma 125c qualquer, depois fui para uma 200c e atualmente tenho uma moto de 250c. Mas eu quero mais, pois assim como cresci e aprendi com elas, quero que elas cresçam comigo. Só tem um detalhe: NÃO ACHO OPÇÃO.

As choppers e cruisers são baixas, mas as de cilindrada acima de 500 são pesadas e desengonçadas. Ferro demais.
As trails e as off roads têm boa cilindrada, mas altas demais.

Quando a indústria de motos vai se comportar como alguns maridos excepcionalmente cuidadosos, que montam motos de média cilindrada, leves e baixas para suas esposas?


Ou será que mulheres não pilotam motos?

Melanie