Prédio da UNE, Rio de Janeiro, 1º de abril de 1964
31 de março de 1964
Quem se lembra deste triste episódio na história do nosso Brasil?
31 de março de 2004
O que temos a comemorar nesse aniversário de 40 anos?
Regime Militar de 1964
Regime instaurado pelo golpe de Estado de 31 de março de 1964. Estende-se até o final do processo de abertura política, em 1985.
É marcado por autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial e militar, prisão e tortura dos opositores e pela censura prévia aos meios de comunicação.
O texto inteiro está nesse site aqui
FREI TITO
Na dor de Tito gravou-se o que de mais hediondo produziu o militarismo brasileiro, tornado como símbolo das vítimas de torturas. Refletindo nossa indignação.
Preso em novembro de 1969, acusado de oferecer infra-estrutura a Carlos Marighella, Tito é submetido a palmatória e choques elétricos, em companhia com seus confrades. Em fevereiro do ano seguinte, é retirado do presídio Tiradentes e levado para o DOI-Codi.
Durante 3 dias, batem sua cabeça na parede, queimam sua pele com brasa de cigarros e dão-lhe choques por todo o corpo, em especial na boca, “para receber a hóstia”, gritam os algozes.
Fernando Gabeira, preso ao lado, tudo percebe. Querem que Tito denuncie quem o ajudou a conseguir um sítio em Ibiúna para o congresso da UNE e que assine um depoimento atestando que dominicanos participaram de assaltos a bancos.
As incessantes torturas não abrem a boca do frade de 28 anos, mas cortam sua alma. Cumpre-se a profecia do capitão Albernaz: “Se não falar, será quebrado por dentro, pois sabemos fazer as coisas sem deixar marcas visíveis. Se sobreviver, jamais esquecerá o preço de sua valentia”.
Em dezembro de 1970, incluído na lista de presos políticos trocados por um embaixador suíço seqüestrado pela VPR de Lamarca, Tito é banido do Brasil pelo governo Médice. Do Chile ruma para Paris, sem jamais recuperar sua harmonia interior.
Nas ruas da capital francesa ele “vê” o espectro de seus torturadores. No convento, Tito estremece aos gritos do pai espancado no Dops, geme aos berros da mãe pendurada no pau-de-arara, arrepia-se de pavor aos espasmos de seus irmãos eletrocutados, contorce-se em calafrios sob o fantasma do delegado Fleury. Sua mente naufraga em delírios.
No dia 10 de agosto de 1974, um estranho silêncio paira sob o céu azul do verão francês. Nada se move.
Entre o céu e a terra, sob a copa de um álamo, balança o corpo de frei Tito, dependurado numa corda.
Do outro lado da vida ele encontrara a unidade perdida. Deixa registrado em seus papéis que "é melhor morrer, do que perder a vida".
NOTA DA LUA NUA: Sou cria da ditadura militar.
Meu 1º e 2º graus na escola fiz sob seus mandos e desmandos.
Na época da faculdade fiz alguns trabalhos baseados nessa época negra da nossa história e em um desses trabalhos eu fechei justamente com esse texto, Frei Tito, e quase não consegui terminar de ler, pois meus olhos se encheram de lágrimas.
Quando levantei a cabeça e olhei para a turma, o professor também estava com os olhos cheios d'água.
Médice e Geisel morreram de câncer, Costa e Silva morreu de trombose e o delegado Fleury num afogamento misterioso. Será que pagaram o suficiente pelas mortes que causaram?
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