sexta-feira, 18 de agosto de 2006

VOVÓ MOTOCICILSTA

Era um sábado qualquer e eu acordei com preguiça. Levantei da cama umas 11h e encontrei meu neto de bico.
- Que foi Ma?
- Tem festa na minha escola, eu queria ir e a mãe tá dormindo.
- Serve a vó? Nesse momento eu ganhei o primeiro sorriso...
- Cê vai!?!?
- Vambora muleke, come alguma coisa, escova os dentes e corre pra trocar de roupa. Mas pega sua jaqueta que tá frio.
- Vamos de moto, vó?
- Vamos!
- OBA!!!!!

E ainda bati maior bolão com ele na quadra de futebol porque a galerinha dele não apareceu. Na ida foi só o frio. Na volta, além do frio chuva fina, mas como ele adora novidades nem esquentou com a chuva. Viemos calados, curtindo a chuvinha, o friozinho e o vento na moto. Foi bem legal.


Tenho motos desde 1983, mas neto apenas desde 1996. Desde muito pequeno ele está dando indícios de que será um futuro motociclista. Começou a andar na minha garupa com seis anos e sei que isso desenvolve uma relação especial entre a gente.

Sei que no mundo masculino ainda existe um pouco de resistência às mulheres que pilotam suas próprias motos, mas acredito que as mulheres estão bem preparadas, pois sabidamente são mais cuidadosas.

Mas do que posso falar de uma avó motociclista? De uma mulher que já carregou seus filhos na garupa e que agora vivencia essa delícia que é começar a ensinar o neto como se passa as marchas da moto, onde fica a embreagem, o freio, o acelerador e, principalmente, como respeitar o risco de estar num veículo tão exposto. Uma mulher que começa a ensinar quando é hora de avançar e a hora de recuar. Mais do que pilotar uma moto, ensina ao neto como pilotar sua própria vida.

A vida anda acelerada, o mundo mudou, preconceitos estão caindo por terra e os pequenos detalhes da vida é o que fazem com que ela valha a pena. Passear pela cidade tendo na garupa um menininho de olhos vivos que se sente "fazendo parte da cena" é uma emoção muito grande. Desde a primeira vez que meu neto andou comigo de moto ele vai caladinho, olhando tudo, e quando paramos no semáforo conversamos um pouco, rimos de algumas coisas.

Outro dia ele me chamou atenção para um fato que eu não tinha reparado: "vovó, porque que quando eu estou na sua garupa, as pessoas nos carros olham tanto pra gente"? Eu não soube a resposta, mas acredito que de alguma forma elas sabem que estamos felizes. Um dia acharemos essa resposta juntos, talvez em cima de uma moto, pelas estradas da vida...


2 comentários, falta o seu:

Ebooker disse...

No momento estou impossibilitado financeiramente de adquirir uma moto, mas ainda pretendo ter uma. Inclusive hoje, sábado vai rolar o décimo encontro de motoqueiros de minha cidade, e já adquiri a comisa como sempre faço, desde o sétimo encontro !!!

Motociclismo é bom mesmo... a sensação de liberdade vale o risco que nem é tanto assim !!!

*acabei de ler o texto da Libanesa... impressionante como certos seres humanos manipulam outros e como esses outros deixam-se manipular...


Abraços !!!

Bom FDS

)O(Lua Nua)O( disse...

Dependendo do tamanho da impossibilidade podemos pensar na cilindrada da moto...

É que tenho uma pequena que me leva para todo lugar que eu quero ir com ela. Bem que eu queria uma Hornet, mas se minha grana só dá para uma Twister... vou levando com ela mesmo.

Agora que leu o texto da libanesa entende pq desenhei uma mulher com um olhar tão vago, né?

bjs

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