quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

ARNOLD PIEPER

O vento está uma agradável brisa de 15 nós.
Enche as velas de maneira gostosa nessa orça.
Um ocasional respingo chega à face, recoberta de uma leve película de sal misturado com bloqueador solar.

O "cheiro" do ar marinho é uma coisa metafísica:Mais que física (ou química).
A mestra começa a panejar, sinal que o devaneio tirou a atenção: caçar mais.
Desvio a atenção desse visual nessa cidade maravilhosa, levanto pra ver se há alguma embarcação por trás da vela. Tudo livre, só as Cagarras daquele lado.

Pela sombra na vela, vejo a silhueta : Maninha embevecida com o visual, com os cabelos ao vento. Não ia incomodá-la com uma coisa tão mundana.
Não consigo ver daqui, mas garanto que está com aquele sorriso no rosto.
Sorrio também.
Os barulhos do continente no plano físico começam a chegar...

À boreste o movimento é maior, a saída da baía tem tráfego mais intenso, mas nós temos o direito de passagem.
Com pressão nas velas, estamos com pressa de chegar ao Rio espiritual.
Afinal, daqui há pouco, nos planos elevados há uma celebração e precisamos chegar.

Olho para trás e vejo esteira do barco, a espuma branca da nossa passagem deixa claro que não estamos apenas passeando.

Chegamos à doca. O veículo que vai transportá-la até a Avenida Brasil já está à espera.
São 11 da manhã do dia 5 de Dezembro de 1956.
Daqui há 15 minutos ela começa mais uma etapa na educação do espírito.

Ela me olha, damos um abraço apertado, beijo na testa.
Vai maninha, tá chegando a tua hora de nascer.
A minha ainda vai demorar um pouco.
Nos vemos aí dentro de 50 anos!!

Arnold Pieper



Pieper é mais um dos irmãos que conheci pela internet. Quando vi pela primeira vez a foto dele jurei que também era um motoqueiro como eu, mas não, ele é piloto de planador e velejador. Mas não errei totalmente, ele anda de moto também, só que prefere ser marujo.
Esse menino é um daqueles companheiros que vieram da eternidade e a gente vai guardar lá dentro, também, para a eternidade.

Dia 5 ele deixou esse carinho para mim no multiply e o texto é de uma sensibilidade tão grande que quis dividir com vocês.

Obrigada menino Pieper, você me emocionou.

OBS: Não sou tão alta, nem tão magra. Não tenho cabelo preto, nem curto, mas o desenho do vestido é igualzinho ao presente que ganhei do maridão e coloquei no jantar de ontem.

4 comentários, falta o seu:

Anônimo disse...

Lua!!!

1. Linda homenagem...muito poético.
2. Lindo vestido...quem fez o desenho aí?

Beijos!

)O(Lua Nua)O( disse...

Cris

O desenho do vestido que comprei não sei, comprei pronto, agora o desenho aí em cima, eu que fiz. Desenhar no micro é um dos meus hobbies e não tenho caneta não, desenho com o mouse mesmo.

bjs

Anônimo disse...

Nossa, é tão maravilhoso qdo encontramos pessoas maravilhosas e delicadas como essa né!!!

beijos e magias

)O(Lua Nua)O( disse...

FadaKamikaze
Meu amigo, além de escrever muito bem, é de uma sensibilidade extrema. Pela brincadeira que ele fez no texto, foi ele que me levou quando chegou minha hora de nascer. Gracinha, né?

bjs

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