quinta-feira, 1 de julho de 2004

DIÁLOGO INTERNO

"Garimpado" no 2º post do quickened, maIs precisamente no arquivo mais antigo, mas pode ler lenta e saborosamente todo o blog, vale a pena!

DIÁLOGO INTERNO

Eu: Por que lemos livros e histórias em quadrinhos?
Pra que assistimos TV?
Por que jogamos RPG, vídeo-games?
Por que vamos ao cinema e ao teatro?

Ego: Pra vivermos por instantes vidas mais interessantes que nossas próprias.
Sentir por meio da farsa o que de outra maneira seríamos incapazes de sentir.
Relacionarmo-nos a pessoas que não existem.
Afeiçoar-nos àqueles que nem sabem que existimos.
Porque, sem nada disso, ao homem pouco resta além da relação consigo mesmo e com o outro, identidade e alteridade.

Eu: (...)

Eu: Mas o que há de errado com pessoas? Porque buscar no irreal refúgio de si mesmo e dos outros?

Não deveríamos estar satisfeitos de nos termos, bem como nossas famílias, nossos amigos, nossos amores?

Isso não deveria nos bastar?

Ego: Pessoas são assim. Simplesmente. Isole um homem de tudo e de todos, e tire-lhe chance ou esperança de rever qualquer resquício da civilização. Ele morreria de tristeza. Faça a mesma coisa com dois homens e eles se matariam. Se as pessoas se dessem tão bem não diriam que o cachorro é o melhor amigo do homem.

Eu: Bobagens hipotéticas. Somos inertemente dependentes da troca de energia, conhecimento, emoções e até mesmo de fluídos decorrentes da interação de duas ou mais pessoas. É o que nos sustem e nos mantêm sãos. A grande força está em conhecer-se e ao outro.

Ego: Sim. Mas o homem não está apto a apreender tudo que é. A interação nos é necessária, sem dúvida. Tanto quanto o isolamento. O Sol também nos mantêm, mas longos períodos de exposição podem causar danos irreparáveis. Por isso precisamos dar vazão à razão. Precisamos fugir para o país das maravilhas.

Eu: Besteira. É apenas uma questão de tempo até que tais necessidades tornem-se insignificantes. A grande chave de nosso futuro está na total compreensão do potencial humano. Evoluiremos além da necessidade de qualquer tipo de escapismo.


Ego: Entendo... poderíamos continuar, mas não há mais necessidade de estendermos nossa conversa. Você já está pronto para retornar à sua vida: seus amigos, sua família e seus amores. E ego, a quem você criou com o único intento de ecoar e repetir seus próprios medos e esperanças, de responder suas próprias perguntas, serei esquecido e desfeito até que você fuja novamente, quando estarei te esperando.

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