quinta-feira, 3 de julho de 2008

LEI SECA

Recebi um e-mail que fez vir à tona algumas coisas que pensei quando, "tão rapidamente", soltaram essa nova LEI SECA, e uma delas foi: temos boas leis, mas nossa fiscalização é péssima!

Sempre achei que todos os nossos erros como País são porque alguém se dá bem com essa bagunça. Alguém só pode se dar bem quando: temos cadeias precárias, quando não temos guardas florestais suficiente, quando temos um judiciário moroso, quando não temos, temos poucos ou apenas temos corruptos fiscais.

Como uma lei pode funcionar sem a devida fiscalização? Ainda mais num país que só vigora a Lei de Gérson (Coitado! Ele já se arrependeu mil vidas por ter feito esse comercial para o cigarro Vila Rica, mas jamais vai se desconectar de uma lei tão brasileira)!

E eu pergunto: Temos uma nova e boa lei, que vai realmente diminuir os malditos índices de acidentes de trânsito causados por ingestão excessiva de bebidas alcoólicas? Ou apenas criaram mais uma forma de caçar níqueis? Como as lombadas eletrônicas, como o curso para renovar a carteira de motorista (nesse nem posso falar sem me dar ânsias de vômito, porque existe a opção de fazer o curso – pago – ou pagar para não fazer. Subentende-se que “pagou, levou”)? Ou como a enxurrada de impostos que temos e nossos "patrões" só prometem, mas nunca revisam?

Sempre me pergunto porque moro num país onde se compra qualquer pessoa, dependendo apenas do seu preço? Sempre me pergunto que merda vim fazer aqui se só posso reclamar e nunca posso corrigir ou ajudar a corrigir essas distorções monstruosas?

Não uso drogas (só cigarro e cerveja), não sou apologista nessa questão, mas sempre me posiciono a favor da liberação. Se as leis funcionassem, a Lei Seca não teria sido o que conhecemos: O CAMINHO MAIS CURTO PARA O TRÁFICO dos EUA.

FALANDO NISSO... Já não podíamos fumar em alguns lugares, agora não podemos beber. Quando vão nos proibir de transar?



E para quem quiser ler o texto que recebi, voilà!



LEI SECA É ELITISTA, REACIONÁRIA E SEMEIA A CORRUPÇÃO
jornalista Josimar Melo

Mais uma estupidez assola o Brasil, esta lei seca disfarçada em medida moralizadora. A moral dos reacionários e dos xiitas, que só vai levar mais água (sem álcool) para o moinho da pequena corrupção do dia-a-dia.

Qual o espírito da lei? O de punir os bêbados no volante, gente irresponsável e criminosa que merece mesmo o fogo (não o da bebedeira, mas o do inferno)? Não, esse não é o espírito dessa nova lei, pois esse espírito já existia na antiga lei: o Brasil já tinha leis que coibiam bêbados no volante - puniam motoristas que tivessem mais do que 6 dg de álcool por litro de sangue. Para se ter uma idéia, isso já era mais rigoroso do que os limites em vigor em países como Canadá e Estados Unidos (que permitem até 8 dg por litro).

Qual era a diferença entre, por exemplo, o Brasil e os Estados Unidos? A diferença era que lá a quantidade de álcool permitida era maior (e não suficiente para embebedar ninguém), mas a fiscalização era, e é, séria. Mesmo podendo ter 8 dg de álcool por litro de sangue, os norte-americanos são muito cuidadosos com suas taças de vinho se vão dirigir, pois sabem que podem ir para a cadeia mesmo.

O que fizeram os moralistas do Brasil? Nossa taxa permitida já era menor do que a americana; o que faltava era simplesmente aplicar a lei - fiscalizar e punir. Ah, as punições eram mais brandas; concordo plenamente em que fossem aumentadas, como agora. Mas não: no lugar de fiscalizar e punir, o governo (com uma base parlamentar para isso) preferiu tornar o país mais xiita e corrupto, colocando um limite de álcool que equivale, na prática, a proibir qualquer consumo de bebida alcoólica para quem vai dirigir.
Quais as conseqüências disso?

1 - A primeira, se a coisa pegar, é atacar uma tradição cultural atávica da humanidade -- a de beber socialmente, confraternizar com a bebida. Tradição que data da remota antiguidade, presente nas festas das colheitas, nas celebrações religiosas, nas comemorações das conquistas. A depender da lei, um jantar de vários casais na casa de amigos ou num restaurante fará com que metade dos presentes fique na Coca-Cola, destruindo seu prazer gastronômico e o clima de compadrio. E impondo o rigor disciplinar, a sobriedade careta, que religiões e moralistas de vários matizes adoraram ter como regra para uma humanidade disciplinada e domesticada.

2 - A segunda, se a coisa pegar, é inserir uma clivagem separando ainda mais os mais ricos dos demais. A lei poderá ser seguida por quem tem dinheiro para sempre pagar táxi e motorista particular - ou seja, o prazer de beber em condições normais, fora de casa, será preservado para esta elite. O resto, que não tiver dinheiro para vários táxis semanais, e na inexistência de verdadeiro transporte público, terá que agir como paria, transgredindo sistematicamente a lei.

3 - A terceira é que, mais provavelmente, nossa lei seca terá efeito parecido ao de sua antecessora nos Estados Unidos: o incentivo ao crime e à corrupção. Ali, nos anos 20 do século passado (1919 a 1933), a bebida alcoólica foi proibida. Sendo o consumo do álcool um hábito cultural arraigado, obviamente as pessoas continuaram a beber -- mas foram obrigadas a fazê-lo fora da lei. Para beber, precisavam pagar para as quadrilhas que dominavam o tráfico. Estas ficaram ricas e poderosas, e a corrupção e a criminalidade milionária medraram como nunca. No Brasil a proibição é mais localizada, não deve chegar à criação de quadrilhas como as de lá, mas considerando nossas tradições, dá para prever que a corrupção é quem vai sair ganhando. Enquanto fazem estas iniciais blitze cinematográficas, vai ser difícil ver casos de policiais se corrompendo. Mas no dia-a-dia daqui pra frente, quando um guarda parar um cidadão que está guiando normalmente, está sóbrio, mas saiu de um restaurante, o bafômetro pode muito bem ser acionado. E é bem provável que o cidadão que tomou duas taças de vinho com a comida, para não ir para a cadeia, resolva pagar ali mesmo os R$ 1.000 que terá que pagar de qualquer jeito se for para a cadeia. Uma propina bem atraente.

Quanta estupidez! É óbvio que os tantos casos de matança provocada por bêbados no volante foram perpetrados por gente realmente bêbada - com muito mais do que os 8 dg/litro de álcool tolerados nos Estados Unidos. É sobre os bêbados no volante que deveria se voltar à fiscalização. O novo limite imposto no Brasil é na verdade um ataque disfarçado ao consumo puro e simples de bebidas alcoólicas - medida de muito gosto para xiitas religiosos de várias facções, e moralistas políticos de todas as colorações. Assim caminha, para trás, a humanidade.


NOTA DA LUA NUA: Imagens achadas na net. Desconheço a autoria.

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