quinta-feira, 25 de novembro de 2004

MINHA CASINHA AMARELA DE CHOCOLATE


MINHA CASINHA AMARELA DE CHOCOLATE

Hoje falo de uma casa que me trouxe um pouco mais de paz, mas a história dela não começa aí e sim há 20 anos atrás com uma dor que eu não sabia de onde. Pesquisa daqui, procura dali e um médico que além de errado, achava que estava certo.

E essa dor me leva a um hospital público, daqueles que não temos nome, apenas número. E lá vou eu, um sei-lá-o-quê numérico. Sou um número e anamnese:
Nome: Melanie
Idade: 23 anos
Estado Civil: Casada
Número de filhos: Uma linda menina
Sinais: Febre
Sintomas: Dor e náuseas

E ninguém para me perguntar se doía na alma àquela dor atroz, mas doía na alma, doía na dor de ser abandonada sem ao menos sentir o abandono.

Uma vesícula extraída, mas os médicos não extraíram a dor, ela eu ainda carregava. Até que um deles ouviu minha dor, ouviu minhas esperanças, me ouviu.

Depois disso, minha dor não era mais dor, era força, e eu fui atrás dessa força. Desse único médico que ouviu uma dor, desse homem que há vinte anos me enche de amor.

Vi esse homem ajudar muita gente além de mim. Vi muita coisa nesses vinte anos. Vi construirmos e vi quase tudo ser destruído. Vi nascer, crescer e vi também morrer.

Passamos dores que só nós sabemos e alegrias que só nós conjugamos. Vi minha filha ver esse homem abrir minha barriga e tirar nosso menino de dentro. Depois vimos juntos ele tirar nosso neto, que seria de outro avô, mas é neto dele.

Vi-o salvar vidas.

Vi-o chorar mortes.

Escrevi muitas coisas para e por ele. E não acredito que tenha deixado de amá-lo em nenhum momento da minha vida. Nem nas piores brigas, nem nas minhas poucas vontades de sumir do mundo.

Ele conheceu meu pai e minha mãe e estava comigo nessas perdas, e estive com ele quando perdemos seu pai e seu irmão.

Estivemos juntos no nordeste e na última chuva que pegamos na moto.

Estamos juntos quando temos dor, quando temos prazer.

É uma corrente que nessa vida vivemos há vinte anos, mas sei que vivemos e viveremos ainda muitos elos dessa corrente.

Preciso falar o quanto te amo Paulino?

Esse poema é para o dono dos meus dias
Senhor das minhas noites...

QUEM HÁ DE?

Não posso descrever como eu amo
Apenas dizer que amo
Nunca consigo quantificar o amor
Mas sei que o amor tem qualidade

Sei que seus olhos me refletem
Me vejo dançando dentro deles
E a isso chamo de qualidade do amor
Chamo de amar

A cumplicidade que existe nesse amor
A vida não apaga
O sentir, o ir, o explorar o inexplorado
O querer sempre mais

O "eu te amo" sussurrado
Quem há de saber dessa estrada?
Desse Bonnie e Cleide?
Dos dias de ilusão e desilusão

Do ultrapassar todos os obstáculos
Quem há de saber o quanto te amo?
O quanto me amas?
O quanto nos perdoamos...


6/12/2003


E o que tem a ver a casinha amarela de chocolate com tudo isso?

Tudo!

É onde somos felizes.

OBS: Esse texto é em comemoração aos 20 anos de casados que completamos hoje.

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