Não sei qual é a sua relação com o dinheiro, mas a minha eu sei que é proporcionar prazer. Quando falo em prazer, espero que não confunda com poder.
Não quero comprar homens e mulheres, independente do preço de cada um. Não moro em casa com excesso de mordomia, apesar de que a que moro atualmente ser grande. Minha casa não tem sauna, nem piscina; não tem nem banheira de hidromassagem que gosto tanto...
Há uns 20 anos, quando iniciei meu segundo casamento, um dia, estávamos os dois na varanda, deitados numa rede, abraçados e ele falou, romanticamente, para mim "isso é tudo o que eu queria na vida". Eu quase caí da rede! E perguntei: "o que é 'isso' que você quer da vida? Um carro velho, uma casa alugada e uma mulher que te ama numa rede?" Ele respondeu que sim e eu respondi que queria mais da vida e de nós mesmos.
Respondi que eu não queria ser rica, não precisava de mansão e nem uma Ferrari na minha garagem, mas que eu queria grana suficiente para ter mais um filho (eu já tinha uma filha), e que queria dar aos dois toda a cultura e preparo que meu dinheiro conseguisse, tipo cursos: inglês, balé, música, artes, etc; escola de qualidade, faculdade, pós graduação, mestrado, viagens e qualquer coisa que pudesse fazer deles GENTE. E que essa "gente" pudesse andar pelas suas próprias pernas, sem esperar herança quando morrêssemos. Aliás, herança é, e já era naquela época, algo que não pretendo deixar.
E eu queria mais.
Eu queria que tivéssemos grana para viajar, que não precisava ser para a Europa, Ásia, Oceania, mesmo porque eu queria conhecer meu país todinho antes de conhecer o dos outros. Mas queria poder ir e vir. Queria pequenos luxos como ar condicionado ou a banheira de hidro que adoro, e citei aí em cima, queria ir também para motéis de qualidade e hotéis 3 estrelas. Acho que um 3 estrelas tem conforto, o 4 frescuras e os de 5 desperdícios.
Hoje olho para trás no tempo e vejo que tenho conseguido tudo o que eu queria há vinte anos. Conheço o Brasil quase todo, dos países lá fora só fui numa cidade do Paraguai que se chamava Porto Stroessner. Não tenho patrão, nem grandes riquezas, nem motivos para ser seqüestrada, mesmo que seja seqüestro relâmpago. Minha moto é desse ano, mas meu carro tem mais de 10 anos, mas minha filha é advogada, pós-graduada e os dois cursos foram particulares; meu filho faz Comunicação numa faculdade particular, se formou em inglês com 16 anos e toca baixo e guitarra numa banda. Eu e meu gato (Ele sem as botas e eu sem grana - Rita Lee) sempre estamos por aí, viajando muito de carro ou moto que adoramos, comendo, dormindo, rindo, conhecendo pessoas e amando muito.
Sempre tenho a impressão que não sou desse planeta quando falo que minha relação com o dinheiro não tem nada a ver com o poder, mas sim com o prazer, com os pequenos prazeres.
Desculpa, mas eu e meu gato vamos ligar o ar condicionado e "conversar" um pouquinho ali no nosso Shangrilá...
Fui
Melanie
11/3/2006
sábado, 11 de março de 2006
SHANGRILÁ
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2 comentários, falta o seu:
Leandro: é, vocês sabem viver.... parabéns
Obrigada pelo comentário Leandro
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